A carne de frango brasileira está prestes a ganhar as fronteiras da Malásia. Com os embarques para a China em crescimento, o Brasil está focado também em ampliar comércio com outros países asiáticos, como a Indonésia.
Para Francisco Turra, presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), embarcar frango para a Malásia é o mesmo que conquistar todo o mercado da União Europeia, pelo alto nível de exigência dos malaios. “Representa uma grife para a nossa carne de frango no mundo do halal [abate de acordo com os rituais islâmicos]”, afirma.
Segundo Turra, este ano, o Brasil deve enviar direto para a China 80 mil toneladas de frango. Até maio de 2010, as exportações para a China já atingiram 39,257 mil toneladas.
Estatística da Ubabef aponta que durante todo o ano de 2009, o Brasil enviou para os chineses apenas 23,9 mil toneladas. Em 2008, o volume foi significativamente menor, 980 toneladas.
“A China é um mercado promissor, pois a carne de frango atende todas as classes sociais, inclusive os cerca de um bilhão de chineses mais pobres”, disse João Carlos de Angelo, gerente de Formulação e Produtos da Guabi.
O maior volume da carne brasileira até então absorvida pela China entrava no país via Hong Kong. Em 2009, Hong Kong comprou 428,3 mil toneladas de carne de frango do Brasil.
Para Turra, quando o governo federal iniciou as conversas para abertura de mercado com os chineses, em 2009, a sacada de ouro foi notar que os países importadores teriam problemas em ampliar produção. “Eles [países importadores] têm dificuldade de produzir insumos, como, soja, milho e farelo de trigo”, diz.
Por outro lado, segundo o presidente da Ubabef, os problemas comerciais entre a China e os Estados Unidos acabaram refletidos no Brasil. “A guerra política começou com os Estados Unidos barrando os pneus chineses. Como resposta a China recuou as importações norte-americanas e cortou cotas, o que abriu portas para o Brasil”, comenta.
Dados da Ubabef mostram que o País deve produzir em 2010, 11,5 milhões de toneladas de frango. Deste montante, 3,7 milhões de toneladas devem ser exportadas. “Se os índices de ligeiro recuo na produção chinesa se confirmarem devemos nos aproximar da produção da China”, diz Francisco Turra. Segundo o executivo, a China prevê uma produção de 12 milhões de toneladas de frango este ano.
Para Angelo, as exportações são essenciais para a manutenção dos preços no mercado interno. “O consumo interno também é crescente. Acredito que o consumo brasileiro vai atingir 41 quilos per capita por ano”, diz o executivo da Guabi. Hoje, cada brasileiro consome anualmente 40 quilos de carne de frango.
Números do gerente mostram que em maio deste ano, o Brasil embarcou 322 mil toneladas da carne, o que representa um faturamento de US$ 563,6 milhões. Um incremento de 6%, se comparado ao mesmo período em 2009. “Ante abril, foi 4%”, diz.
Segundo Angelo, a maior receita da exportação nacional é puxada pela venda de cortes de frango. Em seguida, aparece o comércio de frango inteiro, o produto industrializado e a carne salgada.
Para o gerente, o crescimento no volume de embarques e no consumo interno deve puxar a produção nacional. “O mercado está bom, com perspectiva de ampliação de produção, com a previsão de aumento de alojamento de pintos”, afirma Angelo. O setor estima avançar 5% nos próximos anos.
No primeiro semestre deste ano, de acordo com Angelo, o País registrou 2,9 bilhões de pintos alojados, um avanço de 10,5% se comparado ao ano anterior.
Turra considera que as crises mundiais são as principais responsáveis pelo recuo de avanço do setor, como ocorria nos anos que precederam a crise econômica dos Estados Unidos. “O ritmo de avanço da avicultura nacional até 2008 era de 12%. Enquanto as crises norte-americana e europeia não acabarem o crescimento será pouco expressivo.”
Alex Lopes da Silva, analista da Scot Consultoria, concorda que o setor no Brasil tem potencial de crescimento, e o consumo interno do País também deve contribuir para o avanço.
A carne de frango brasileira está prestes a ganhar as fronteiras da Malásia. Com os embarques à China em alta, o Brasil deve também ampliar o comércio com outros países asiáticos, como a Indonésia.