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Agroindústria

O futuro do Minerva

<p>Na berlinda, Minerva não descarta nenhum negócio. Para presidente do frigorífico, no entanto, prioridade agora "é seguir com a política de crescimento sustentável e estável".</p>

Depois da recente movimento de aquisições no setor de carnes, que agigantou empresas brasileiras, analistas desse segmento passaram a tentar prever o futuro do frigorífico Minerva. Fará aquisições ou será vendido? Haverá uma fusão a caminho?

O presidente do Minerva, Fernando Galleti Queiroz, não se abala pelo fato de a empresa que comanda estar na berlinda. De fato, com seu porte médio, o Minerva ficou pequeno diante de grandalhonas como a JBS, que incorporou a Bertin e comprou a americana Pilgrim’s Pride, e a Marfrig, que adquiriu a Seara e arrendou unidades dos frigoríficos Margen e Mercosul.

Queiroz definitivamente não gosta do adjetivo e aponta vantagens em ter menor porte.

Às questões cruciais feitas pelos analistas, ele responde com pragmatismo. “Quando se trata de negócios, não se pode descartar nenhuma alternativa”, afirmou ao Valor. De acordo com Queiroz, o Minerva “está sempre sendo olhado” e “está sempre olhando” oportunidades de negócio. Mas garante que a prioridade, agora, “é seguir com a política de crescimento sustentável e estável”. “Em nada muda a estratégia da empresa”, afirma.

Os investimentos feitos pelo Minerva nos últimos dois anos – na modernização de fábricas, “greenfield” e na Minerva Dawn Farms (joint venture com a irlandesa Dawn Farms ) – garantirão à empresa um “crescimento orgânico” de 20% até 2011, diz Queiroz, “sem contar possíveis aquisições”. “São investimentos que estão em maturação agora”.

Ele atribui a alta das ações da empresa – ontem houve queda de 4,37%, mas no mês a valorização é de 13,9%, segundo cálculos do Valor Data – ao fato de que o mercado percebeu que os papéis estavam “baratos”. Evita relacionar o movimento às especulações sobre eventuais negócios.

O movimento de consolidação no setor de carnes era “natural”, afirma Queiroz, admitindo que foi mais acelerado do que se imaginava. E essa consolidação, acredita, é positiva porque “racionaliza o parque industrial”. A competição com os maiores do setor não o assusta. “Empresas menores são mais ágeis”, observa. Além disso, as de menor porte não sofrerão com sobreposição de clientes e de fornecedores.

Para o presidente do Minerva, o momento também é mais favorável para a empresa caso decida por uma eventual aquisição, já que há menor disputa por ativos. Empresas que já foram às compras terão a partir de agora que lidar com os “desafios da consolidação”, considera.

Com uma capacidade de abate de 6.600 cabeças de gado por dia, o Minerva teve receita líquida de R$ 2,309 bilhões no primeiro semestre deste ano, 22,6% acima do mesmo período de 2008.

Considerando uma média de 290 dias de abate por ano, a empresa tem hoje 2,9% da capacidade total de abate do País, de 65 milhões de cabeças, conforme estimativa da Scot Consultoria. No caso da Marfrig, após os arrendamentos, a capacidade, de 22.350 bois por dia, corresponde a 11% da capacidade nacional. A JBS, com capacidade de 40 mil por dia, tem 20% da capacidade total.