É notório o relevante papel da tecnologia na criação animal, especialmente no setor avícola que, diante da demanda por eficiência, controle de custos e alta produtividade em mercados extremamente competitivos, exige que empresas e produtores busquem soluções para melhorar seus rendimentos e aperfeiçoar o dia-a-dia das atividades.
Há dois ou três anos atrás, discutia-se a melhor forma de resfriar um galpão, melhorar a ventilação e fornecer às aves o melhor ambiente para seu desenvolvimento. Em todas as regiões do país havia dúvidas: Deveríamos abolir os resfriadores construídos com material cerâmico? Seria melhor utilizar pad cooling? As entradas de ar deveriam ser somente laterais ou também frontais? A velocidade de ar deveria ser 2,0 m/s, 2,5 m/s ou 3,0 m/s?
Rapidamente o mercado avícola foi achando respostas para as inúmeras questões que envolvem prover um bom ambiente aos animais, e cada região foi adaptando o sistema às suas necessidades e deficiências. Felizmente hoje passamos a um estágio avançado em que se discutem ajustes finos nos sistemas de ventilação e manejo, sendo bastante comum encontrar pessoas discutindo sobre pressão estática, materiais de isolamento, perda de carga, fluxo de ar e outros assuntos que no passado recente eram considerados difíceis demais para serem debatidos.
Em quase todas as apresentações que fazemos Brasil afora existe um slide (figura 1) indicando que quando o sistema produtivo funciona bem, ou seja, quando a granja trabalha sem problemas técnicos e com manejo adequado, o produtor pode passar mais tempo pensando em como melhorar, com foco em planejamento e estratégia.
Figura 1: Slide planejamento.
Fonte: o autor.
Hoje temos acesso à tecnologia e à informação. Porém, em uma visita recente a um país vizinho, encontramos uma granja com ventilação tipo túnel e equipamentos novos e bem instalados. O único problema era que próximo ao meio dia as cortinas estavam abertas e os exaustores desligados. O produtor relatou que trabalhou a vida inteira com galpões de pressão positiva e não conseguia lidar com os equipamentos novos, por falta de hábito e de conhecimento, ou seja, tinha a tecnologia, mas não tinha a informação.
Este é um caso extremo que nos faz lembrar que ainda não estamos todos no mesmo nível de tecnologia e conhecimento. Isto é importante principalmente para os envolvidos no fornecimento desse tipo de equipamento aos produtores e integradoras. Muitas vezes nos acostumamos à alta tecnologia, com clientes inseridos em um contexto de grande experiência com sistemas de ventilação e manejo, mas algumas vezes nos esquecemos de que muitos outros clientes estão em outro ponto na curva de aprendizado.
É nosso papel identificar onde este ponto está localizado para adequarmos a tecnologia e a informação de maneira correta, e garantir que no futuro esse cliente/produtor possa se desenvolver e evoluir na curva, atingindo o nível de tranquilidade que lhe fornecerá tempo para pensar na estratégia do seu negócio.
Por Bruno da Silva Pimenta, médico veterinário da Munters Brasil, MBA em Gestão Empresarial e Especialização em Desenvolvimento Gerencial.