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Brasil Foods

Oetker contesta fusão de Sadia e Perdigão

<p>Motivo é meta da empresa em aumentar participação no segmento de pratos prontos. Associação de suinocultores deve fazer oposição em breve.</p>

De olho em uma possível aquisição e na possibilidade de aumentar sua participação de mercado, a alemã Dr. Oetker ingressou no último dia 9 com um pedido de oposição à fusão entre Sadia e Perdigão no Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Esse é o primeiro registro de oposição ao negócio divulgado há cinco meses registrado na autarquia vinculada ao Ministério da Justiça brasileiro.

No Brasil desde a década de 30, a Dr. Oetker é conhecida por seus chás e gelatinas, mas também fabrica e vende aromas, fermentos, sobremesas, confeitos, snacks, misturas para bolos e tortas. O interesse em impedir a fusão – ou pelo menos em conseguir restrições a ela – tem a ver com o segmento de pratos prontos. Embora no exterior a Oetker tenha uma linha completa de iogurtes, sobremesas prontas refrigeradas e pratos congelados, no Brasil ela atua nesse segmento apenas com a marca Dr. Oetker Ristorante, de pizza pronta congelada, que, segundo fontes de mercado, tem menos de 1% das vendas.

Já a BRF – Brasil Foods (a empresa resultante da união entre Perdigão e Sadia) é dona das marcas de pizza pronta Rezende, Batavo, Apreciata e Sadia, que juntas têm 83% das vendas em volume, segundo estimativas da revista especializada Supermercado Moderno.

” A Oetker está muito preocupada com a concentração, principalmente no segmento de pizzas prontas congeladas, e também teme possíveis práticas anticompetitivas nos canais de distribuição ” , disse Juliano Maranhão, advogado do escritório Sampaio Ferraz, contratado pela multinacional alemã.

Maranhão relatou que a Oetker encomendou um estudo à consultoria americana Bates White para diagnosticar como ficaria o segmento de pratos congelados caso a fusão fosse aprovada sem restrições. Segundo a consultoria, a fusão irá dificultar a entrada de novas companhias no setor. O levantamento apontou que a aprovação sem restrições provocaria um fenômeno chamado de ” efeito portfólio ” , ou seja, a blindagem do mercado por várias marcas fortes que, entretanto, pertencem a uma única empresa.

A estratégia da Oetker é fazer pressão para que o Cade aprove a fusão impondo restrições, tais como a venda de marcas e ativos em segmentos onde haja alta concentração de mercado. Pressionada pelo órgão antitruste, a BRF teria de vender essas marcas e ativos por preços mais baixos. Nesse caso, a Oetker faria aquisições gastando pouco e ganharia quase instantaneamente uma boa participação de mercado. A companhia sediada em Bielefeld, na Alemanha, é conhecida internacionalmente por já ter feito aquisições em termos semelhantes. A própria divisão de pizzas foi comprada da Unilever em 2004, quando a companhia holandesa, que passava por dificuldades, decidiu reduzir seu portfólio de 1600 para 400 marcas.

Uma associação de suinocultores também deve apresentar em breve oposição à fusão. Pedidos de como esses são comuns no Cade e muitas vezes são determinantes na decisão do órgão. No caso da compra da Garoto pela Nestlé, por exemplo, a oposição da Kraft Foods foi crucial para que o Cade decidisse contra o negócio em 2004. Os advogados da BRF disseram que ainda não vão se pronunciar.