De acordo com relatório divulgado nesta semana pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla inglês), a oferta total de carne da China em 2022 é esperada em 79 milhões de toneladas, revisada em 7% em relação à previsão anterior e novamente superando a oferta total de carne antes do surgimento da peste suína africana (PSA). O que impulsiona a estimativa mais alta é uma grande revisão para cima na produção de carne suína, que agora deve crescer pelo segundo ano consecutivo. Embora os preços dos suínos estejam bem abaixo dos níveis recordes vistos nos últimos anos, eles se firmaram após quedas significativas.
O relatório aponta que a oferta abundante de carne suína doméstica pesará na demanda de importação, fazendo com que as importações de carne suína em 2022 sejam reduzidas em 12% em relação à previsão anterior. Embora 5% menores em relação ao ano anterior, as importações de 2022 permanecem elevadas pelos padrões históricos. No geral, espera-se que a oferta de carne suína atinja 53,7 milhões de toneladas em 2022.
Sobre a carne de frango o levantamento do órgão americano aponta que a oferta total de carne de frango em 2022 deve chegar a 15,1 milhões de toneladas, 1% abaixo do projetado em outubro. Isso é em grande parte o resultado da desaceleração das importações no final de 2021, com essa tendência sendo transportada para o novo ano. A maior disponibilidade de carne suína, juntamente com a produção de carne de frango que está bem acima dos níveis pré-PSA, deve pressionar as importações de carne de frango, fazendo com que a previsão de importação seja reduzida em 11%.
Mesmo com essas previsões de aumento da produção doméstica, Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), explica que a China ainda não chegou aos 54 milhões de toneladas de carne suína que ela produzia pré-PSA, mas ela continua a importar 4 milhões de toneladas. “Ano passado ela importou 4,5 milhões, esse ano ela continua um volume e o Brasil aumentou seu Marketshare na china. Diminuíram as importações chinesas da Europa e dos Estados Unidos e as do Brasil se mantiveram, ou seja, nossa participação ficou maior”, detalha
Santin aponta que mesmo havendo uma redução nos embarques de carne suína para o país asiático, somente nos primeiros meses de 2022 já foram embarcadas 53 milhões de toneladas, e enfatiza que o Brasil não é dependente da China nas exportações, mas que ela paga melhor e compra mais. “É lógico que a China deixando de comprar um pouco já traz certa dificuldade para nós, mas a China no caso de aves é 13% das nossas vendas, no caso de suíno era 53 e caiu para 48%, ou seja menos da metade. E hoje nós temos mais mercados abertos do que tivemos o problema com a Rússia”