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Mercado

Ofertas recordes podem enfraquecer valor interno do milho em 2017

Estimativas também indicam área e produção mundiais recordes, mas quedas nas transações internacionais

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Segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em 2017, o mercado de milho deve ser marcado por ajustes na oferta e, consequentemente, nos preços. Após a quebra de produção no ano passado, por conta do clima desfavorável, a expectativa é que a temporada 2016/17 seja recorde no Brasil. Estimativas também indicam área e produção mundiais recordes, mas quedas nas transações internacionais, o que pode reduzir a parcela brasileira no mercado internacional.

A produção brasileira de milho na safra de verão 2016/17 deve crescer 7,3% frente à anterior, somando 27,74 milhões de toneladas, segundo a Conab. A área plantada também aumentou nesta temporada de verão, o que não era verificado desde a safra 2008/09, influenciada por preços mais atrativos na época de decisão de cultivo. A área nacional pode chegar 5,55 milhões de hectares, com os maiores crescimentos em Minas Gerais e no Paraná. O clima favorável até o momento tem gerado boas expectativas, com a produtividade média estimada em 5 toneladas/hectare. No Sul do Brasil, a colheita de verão já foi iniciada.

Somando a produção do milho verão ao estoque de passagem, estimado pela Conab em 7,98 milhões de toneladas, ao final de janeiro/17, a oferta interna seria de 35,73 milhões de toneladas. O volume disponível no primeiro semestre, portanto, representaria 63,7% do consumo doméstico, estimado em 56,1 milhões de toneladas. Mesmo com estoque menor, esse cenário é muito mais confortável a compradores frente ao observado no início de 2016.

Para a segunda safra, a Conab ainda não divulgou dados, visto que a semeadura se inicia neste mês. Assim, a Companhia considera a manutenção de área da safra 2015/16, de 10,53 milhões de hectares, e aumento de 37,7% da produtividade, a 5,32 t/ha. Com isso, a produção da segunda safra poderia atingir até 56,07 milhões de toneladas, aumento de 15,36 milhões de toneladas em relação à temporada passada.

Por enquanto, a expectativa é que a área da segunda safra seja recorde. O semeio de soja, inclusive, foi antecipado e produtores de Mato Grosso já iniciaram a colheita do grão. No Paraná, a colheita de soja e o semeio do milho devem começar nos próximos dias.

Em Mato Grosso, o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) estima produção de 25,037 milhões de toneladas na segunda safra 2016/17, a segunda maior para o estado. A área deve crescer 4,13% e a produtividade, 27,2%. No Paraná, o Deral/Seab indica crescimento de 4% na área da segunda temporada de 2017 e de 26% na produtividade, o que resultaria em oferta de 13,5 milhões de toneladas, 32% maior que a anterior.

Diante disso, considerando-se os estoques iniciais, em fevereiro/17, e produção total na da safra 2016/17 de 83,8 milhões de toneladas, a disponibilidade interna ficaria acima de 92,3 milhões de toneladas, de acordo com a Conab. Destes, 56,1 milhões de toneladas devem ser consumidos internamente. Assim, o excedente interno pode voltar a superar 36,2 milhões de toneladas, sendo o segundo maior excedente interno de milho da história. Este volume, por sua vez, estará disponível para exportação.

A estimativa atual da Conab é que 24 milhões de toneladas sejam exportadas entre fevereiro/17 e janeiro/18, retomando, portanto, a dinamicidade observada em anos anteriores. Esse cenário deve ser favorecido à medida que a maior oferta ajuste os preços do cereal brasileiro, especialmente no primeiro semestre, o tornando mais competitivo no mercado global na segunda metade do ano.

Por enquanto, o milho brasileiro não está competitivo no mercado internacional. Segundo o USDA, em dezembro, os preços no Brasil e na Argentina estavam em torno de US$ 184,00/t, enquanto no Mar Negro estavam em US$ 167,00/t e, nos Estados Unidos, em US$ 159,00/t. Essas diferenças nos valores estão relacionadas à oferta em 2016. Enquanto na América do Sul houve redução, no Hemisfério Norte a oferta cresceu.

Para a temporada 2016/17, a produção global pode atingir o recorde de 1,04 bilhão de toneladas, 8,2% acima da safra anterior, segundo o USDA. Dos 16 maiores produtores, a oferta deve cair em apenas quatro, sendo o recuo mais intenso, de 5%, no México. O consumo mundial é estimado em 1,03 bilhão de toneladas, crescimento de 7%. Dos 16 maiores consumidores, apenas a Coreia do Sul deve reduzir a demanda. Com oferta e demanda equilibradas, a relação estoque/consumo deve ficar em 21,7%, praticamente igual à da temporada anterior.

Como em termos mundiais não há fatores de pressão, a expectativa é que as cotações do milho se recuperem nos Estados Unidos, mesmo este sendo o maior produtor global, o que também deve ser influenciado pela maior demanda externa. Na Bolsa de Chicago (CME Group), os valores negociados para o Dez/17 estão 8% acima dos de Mar/17.

O USDA estima redução de 2,2% nas transações externas, para 141,7 milhões de toneladas. Nas exportações, diante da maior oferta na Argentina, nos Estados Unidos, na Rússia e na Ucrânia, o USDA indica que o Brasil seja o terceiro maior exportador na temporada, atrás da Argentina e dos Estados Unidos.

Para Argentina, principal concorrente regional das exportações brasileiras, as estimativas oficiais apontam aumento expressivo na produção de milho na temporada 2016/17. A Bolsa de Cereais indica crescimento de 27% na área cultivada.