O empresário Wesley Batista, presidente da JBS, maior companhia de proteínas do mundo, nunca perde o bom humor diante de uma pergunta. Nem mesmo quando o tema é delicado, caso do mau desempenho da Pilgrim’s Pride Corporation em 2011.
A empresa americana, uma das líderes no ramo de frangos nos Estados Unidos e adquirida pelos brasileiros da família Batista em 2009, vem amargando perdas ao longo do ano.
Somente no terceiro trimestre de 2011, terminado em 25 de setembro, registrou prejuízo de US$ 162,5 milhões.
No entanto, em uma reunião recente de conselho, a família Batista deu os últimos retoques na estratégia que, acredita a diretoria, irá reverter esse quadro. “Além de cortar custos, há muitos outros ajustes a fazer. Um deles é aumentar a produtividade para ganhar eficiência”, diz Batista em entrevista exclusiva ao Brasil Econômico.
Sendo assim, uma das fortes apostas do grupo será o remodelamento das linhas de produção para aumentar seu rendimento. Atualmente, muitas linhas de desossa da Pilgrim’s são automatizadas, fator que, ao contrário do que se possa pensar, não “é viável na conta final”.
“Manualmente, um funcionário pode tirar a carne que fica no cantinho dos ossos”, explica em tom didático. À primeira vista, trocar máquinas por trabalhadores pode não parecer muita coisa, mas essa mudança, se transformada em números, é bastante significativa.
Apenas com a contratação e treinamento de funcionários para substituir as máquinas, a Pilgrim’s conseguiria ganhar US$ 100 milhões apenas com melhoria de rendimento. “Imagine ganhar algumas gramas em cima de um número gigantesco de abate diário, de oito milhões de aves”, diz Batista.
O empresário explica que a automatização dos processos é praxe nesse tipo de indústria nos Estados Unidos. Não por escolha das empresas, mas, porque há alguns anos, antes da crise econômica, o índice de desemprego era baixo e havia escassez de mão-de-obra.
As perdas da Pilgrim’s, cuja receita líquida somou US$ 1,89 bilhão no terceiro trimestre, ocorreram, sobretudo, por excesso de produto no mercado, além dos ajustes necessários de sinergia que ainda estão sendo feitos na operação, afirma o empresário.
“As indústrias acharam que, com o preço da carne bovina subindo, as pessoas comprariam mais aves no mundo. Então, aumentaram a produção em 10%. Mas o consumo cresceu a taxas bem menores, de 2%”, afirma.
De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o consumo da proteína no país cresceu 3,1% em doze meses até outubro e totalizou 13,8 milhões de toneladas. Como o cenário não se concretizou, as indústrias estão reduzindo a produção.
“Mais até do que deveriam”, diz. Para Batista, por conta disso, o cenário deve ser revertido em 2012.