Da Redação 23/09/2005 – Agora é a vez da Perdigão. Depois da Sadia, que decidiu retornar o abate de gado bovino, a Perdigão anunciou ontem que também está entrando no segmento, com foco principalmente no mercado externo. A empresa fechou contrato de prestação de serviços com o grupo Arantes Alimentos, dono do Frigoalta, para produção de cortes bovinos na unidade de Cachoeira Alta (GO). A previsão é de uma produção de 60 mil toneladas de produtos bovinos em 2006, o que deverá gerar uma receita adicional de R$ 270 milhões.
A empresa – segunda no setor de aves e suínos – vinha estudando a possibilidade de entrar no abate de gado já há um ano, e as negociações com o grupo Arantes Alimentos, que estava em dificuldades financeiras desde o início de 2005, começaram no primeiro semestre.
Conforme o presidente da Perdigão, Nildemar Secches, o contrato com a Arantes tem duração de dois anos (com opção de mais um) e prevê que a empresa abaterá 750 animais por dia para a Perdigão, o equivalente a 90% da capacidade da planta de Goiás. A pretensão é exportar 70% da produção da unidade, por isso, segundo Secches, a Perdigão espera se beneficiar da MP do Bem, que dá isenção de impostos a empresas que vendem no mercado externo esse volume.
O avanço das exportações brasileiras de carne bovina nos últimos anos e a existência de demanda por parte de países que já compram carne de frango e suína da Perdigão estimularam a decisão da empresa. Mas foi a regularização – em curso – do setor de carne bovina a maior razão para a Perdigão apostar no setor. “As empresas estão com um maior grau de formalidade, a fiscalização do governo é maior”, disse Secches, referindo-se ao movimento de formalização que ocorre no setor de carne bovina, ainda freqüentemente lembrado pelo alto grau de informalidade.
Segundo Secches, a Perdigão poderá também contratar a produção de carne de outras duas unidades da Arantes Alimentos, localizadas em Guararapes (SP) e Pontes e Lacerda (MT). Essas duas unidades continuam operando, mas a de Cachoeira Alta estava paralisada, por conta dos problemas financeiros do grupo, e deve voltar a operar em 15 de outubro. Cerca de 850 funcionários deverão ser contratados para retomar as operações da unidade.
Em 1986, quando ainda pertencia à família Brandalizze, a Perdigão chegou a operar com carne bovina, mas por um pequeno período. A idéia de investir no segmento surgiu em 2002, quando a empresa entrou no mercado comprando cortes de terceiros. A operação, no entanto, se mostrou inviável, segundo Secches.
Ele enumerou três razões para a parceria com a Arantes: a planta goiana é habilitada para exportar para os principais mercados, como Europa, Egito e Hong Kong. Além disso, está localizada numa região próxima ao complexo da Perdigão em Rio Verde e numa área com grande oferta de animais.
Pelo contrato, a Arantes fará o abate, desossa, embalagem e armazenamento da carne e a Perdigão terá uma estrutura própria para a compra de animais. Secches diz que a solidez financeira da Perdigão fará os pecuaristas procurá-la para vender gado. O plano, no futuro, é estabelecer parcerias com produtores e depender menos do mercado spot de gado bovino, segundo Secches.
No exterior, os cortes bovinos da Perdigão serão vendidos com a marca Perdix, mas empresa também terá duas linhas para o mercado interno, com as marcas Perdigão e Nabrasa, de cortes nobres.
A Perdigão também anunciou sua entrada na área de margarinas. A empresa fez parceria com a Coamo, de Campo Mourão, que produzirá margarinas com as marcas Turma da Mônica e Borella. Os produtos chegam ao mercado em novembro. Secches afirmou que margarinas sempre estiveram no alvo da Perdigão, já que a empresa tem “uma das melhores estruturas de distribuição de produtos refrigerados do país”. De acordo com o executivo, o contrato com a Coamo é por “prazo indeterminado”.