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Pfizer ganha terreno

Incorporação da Fort Dodge fortalece vendas no setor de saúde animal no Brasil. Vacinas para suínos e aves são o carro-chefe.

Pfizer ganha terreno

A conclusão da aquisição dos negócios globais da rival Wyeth, confirmada em outubro, clareou o horizonte para a farmacêutica americana Pfizer no mercado de saúde animal. No Brasil, onde lidera o segmento, a incorporação agrega ao caixa da Pfizer os R$ 160 milhões em vendas anuais da Fort Dodge – divisão veterinária da Wyeth que faturava mundialmente quase US$ 1 bilhão por ano -, amplia sua capacidade de produção e diversifica o portfólio em meio a um processo internacional de consolidação no qual o país é o campo de batalha mais promissor.

Anunciada em janeiro, a compra da Wyeth foi fechada por US$ 68 bilhões e elevou o faturamento mundial da Pfizer, incluindo todas as suas frentes de atuação, para cerca de US$ 57 bilhões por ano. A transação já foi aprovada por autoridades antitruste internacionais, mas no Brasil continua à espera do sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “Estamos crescendo a taxas de dois dígitos, e o objetivo é pelo menos manter esse ritmo”, afirma Jorge A. Espanha, principal executivo da Pfizer Saúde Animal no país.

O faturamento da divisão no mercado brasileiro alcançou R$ 305 milhões em 2008, valor 20,5% superior ao do ano anterior. Em 2009, apesar das recuperações judiciais de frigoríficos, da queda das exportações de carnes e dos preços mais baixos do boi gordo, o salto deverá ser de 16%, segundo Espanha. Somadas as vendas da Fort Dodge, o faturamento da “nova” Pfizer Saúde Animal no Brasil deve encerrar o ano em R$ 520 milhões, 15% mais que a receita conjunta do ano passado.

Baseada em resultados parciais do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), a Pfizer projeta que as vendas totais das empresas do segmento no país alcançarão US$ 2,7 bilhões em 2009, 4,5% acima do resultado de 2008. O crescimento previsto pela empresa neste ano, superior à taxa do mercado, é puxado pelas unidades de negócios de suínos e aves, onde as vendas devem crescer, em conjunto, 30%. Ambas representam 33% do faturamento da Pfizer Saúde Animal no país. A principal unidade de negócios é a de bovinos , que no Brasil representa 57% do faturamento, e após a aquisição da Wyeth passou a abrigar os equinos.

Em aves e suínos, as vacinas são o carro-chefe; em bovinos, cuja participação no faturamento é maior que a média do grupo, esse papel cabe aos endectocidas, ainda que as vacinas também tenham um peso importante. As outras unidades de negócios da companhia envolvem animais de companhia e uma frente agrícola que faturou R$ 35 milhões no ano passado. Com a Fort Dodge, a Pfizer Saúde Animal passa a representar cerca de 25% do faturamento total da Pfizer no Brasil.

“Subimos de patamar no grupo. Entre 90 países, somos a segunda operação fora dos EUA, que respondem por metade do negócio global”, diz Espanha. Em exportações para outras subsidiárias da Pfizer, foram US$ 62 milhões em 2008 e o patamar deverá ser mantido em 2009, apesar do câmbio adverso.

O acelerado avanço da divisão propiciou outra tacada importante da divisão no país. O executivo informa em primeira mão ao Valor que fechou um acordo com a brasileira Vallée para que esta produza e comercialize vacinas contra a aftosa com a marca Pfizer, em uma parceria que deve gerar receita de R$ 48 milhões.

Espanha reconhece que, após a incorporação da Fort Dodge, a Pfizer como um todo terá de rever a estrutura de plantas industriais que passou a ter no mundo, mas acredita que no Brasil os negócios de saúde animal de ambas têm mais sinergias do que sobreposições. No mundo, a Pfizer tinha, no total, 45 unidades, incluindo as farmacêuticas. Com a Wyeth, passou a contar com 95.

Para o executivo, a consolidação global do segmento de saúde animal vai continuar. Além dos reflexos da aquisição da Wyeth pela Pfizer, há outra união entre farmacêuticas em curso envolvendo grandes “players” veterinários. Trata-se da negociação entre Sanofi-Aventis (atual controladora da Merial) e Merck & Co. para a criação de uma joint venture de saúde animal que deverá incluir as operações da Schering-Plough.