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Cooperativas

Plantando grãos, árvores e sorrisos

Cooperativas mostram que no Paraná o sistema colabora para o desenvolvimento social e econômico de comunidades.

Bilhões de reais formam o faturamento das cooperativas do Paraná. Só em 2009 foram R$ 27,5 bi, cerca de 10% a mais do que no ano anterior. Lucros divididos, as cifras generosas representaram mais dinheiro no bolso do associado, melhor renda, mais tranquilidade para os negócios do campo. Mas não só. Dentro da filosofia cooperativista, o bom desempenho de suas unidades tem significado muito mais que dinheiro na mão. Está refletindo em mais qualidade de vida, educação, saúde, cultura, postos de trabalho e, principalmente, solidariedade para – e entre – os que estão dentro e fora do sistema.

Ações espalhadas pelo Estado dão conta de um cooperativismo que divide, sim, os lucros, mas também troca conhecimento, reparte cidadania, colabora para o desenvolvimento social e econômico de comunidades, compartilha as boas colheitas. O que a produção de grãos tem a ver com a literatura? Ou a construção de parques infantis com o beneficiamento de aves? E matas ciliares e minas d”água recuperadas e preservadas com o dia a dia do agronegócio?

As histórias contadas pelas cooperativas paranaenses revelam que literatura é educação, conhecimento e o caminho para um mundo melhor. Que o trabalho voluntário para angariar recursos e construir parquinhos em meio a vilas rurais, proporciona lazer, diversão e outras maneiras das crianças olharem para a vida. E que mais árvores no planeta – ou menos desmatamento – e mais águas limpas para consumo dos agricultores resulta em qualidade de vida.

“No cooperativismo atuamos sob o tripé da sustentabilidade social, econômica e ambiental. Lidamos com pessoas, por isso a necessidade de trabalharmos a sensibilidade de que não é só o dinheiro que conta, mas sim uma sociedade mais justa, que cuide do meio ambiente, que seja mais educada, mais gentil”, frisa Ana Lúcia de Almeida Maia, assessora de responsabilidade socioambiental da Cooperativa Integrada, com sede em Londrina. A sociedade, acrescenta ela, precisa se unir para recuperar o ambiente degradadado, construir um espaço melhor para deixar para as futuras gerações. “Esse é o significado da nossa existência e do cooperativismo”, avalia.

À frente de um dos principais projetos da cooperativa, o Plante um Sorriso, que tem por objetivo beneficiar crianças em situação de vulnerabilidade social, Ana sabe bem do que está falando. Além das doações de brinquedos e de trabalhos ambientais, onde as crianças ajudam no plantio de árvores, desde o ano passado o projeto envolve o programa “Encontros Literários com Monteiro Lobato”.

Por meio de palestras sobre o autor, ministradas pelo pesquisador aposentado da Embrapa e estudioso do assunto, Leo Pires Ferreira, a cooperativa tem capacitado educadores e despertado o interesse pela leitura. A ideia é que professores do ensino fundamental, de escolas municipais de cidades onde a Integrada está instalada, sejam os multiplicadores do projeto.

Para que as crianças se envolvam ainda mais com as obras do autor, a cooperativa também tem doado kits com livros de Lobato. E com o objetivo de que o projeto seja mesmo disseminado, a cooperativa lançou em abril deste ano o Concurso Literário. Segundo Ana, a ideia é que os alunos leiam e estudem os textos de Lobato e depois escrevam redações e resenhas sobre os mesmos. Os trabalhos começam a ser selecionados este mês. A estimativa da Integrada é de que cerca de 5 mil crianças, das 3 e 4 séries, estejam envolvidas com o projeto.

“Nosso objetivo hoje não é só levar alegria às crianças, mas cultura e conhecimento”, conclui Ana Lúcia, reforçando que os encontros literários acontecem em parceria com as secretarias municipais de educação e que desde os brinquedos até os livros, toda doação é adquirida por meio de promoções e campanhas feitas entre cooperados e colaboradores.