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Agroindústria

Presidente da JBS descarta venda de ativos para reduzir dívida

Nos últimos meses, a moeda chegou a tocar o menor nível desde a crise financeira global de 2008.

Presidente da JBS descarta venda de ativos para reduzir dívida

A eficiência em custos e sinergias decorrentes da integração de mais de uma dúzia de aquisições feitas desde 2007 vão ajudar a brasileira JBS, maior frigorífico do mundo, a cumprir as metas de dívida autoimpostas até o final do próximo ano, sem alienação de ativos, disse seu presidente-executivo, Wesley Batista, ontem (20).

A dívida líquida deve cair no próximo ano para um pouco abaixo de 3 vezes o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) anual, ante 4,03 vezes no fim de setembro deste ano, disse Batista em uma entrevista em Nova York.

A melhora da geração de caixa, impulsionada pelo impacto do enfraquecimento do real sobre exportações, deve ser o principal fator sobre a tendência de redução da dívida, disse ele.

Após a compra da marca de alimentos processados Seara neste ano da rival Marfrig, a JBS se tornou não apenas a maior produtora mundial de carne bovina, mas também de aves. Excluindo a dívida assumida após a compra da Seara, o nível de alavancagem da JBS já está “bem dentro de 3 vezes, e deve cair um pouco mais”, disse Batista.

Nenhum desinvestimento de ativos será necessário para atingir uma relação de dívida líquida sobre Ebitda de 3 vezes, afirmou Batista, porque todas as unidades do JBS estão agora totalmente integradas e contribuindo para a rentabilidade e controle de custos.

“Todos os ativos são estratégicos e cumulativos, então eu não vejo por que deveríamos alienar qualquer bem para cumprir as metas de redução da dívida”, disse o executivo, que também é membro da família controladora da empresa. A companhia não vê necessidade de explorar o mercado de bônus” neste momento “para refinanciar vencimentos ou dívida mais cara”, acrescentou.

A receita da JBS para reduzir a dívida “é simples:.. nosso objetivo é gerar mais caixa que vai nos permitir pagar a dívida mais rapidamente. Estamos fazendo nosso dever de casa nesse assunto – o Ebitda está crescendo de forma saudável, as margens estão sendo protegidas, nós somos mais competitivos agora do que há alguns anos”, disse ele.

Batista afirmou também que, para manter a JBS competitiva, é importante que o real se mantenha próximo aos níveis atuais ou que enfraqueça ainda mais no próximo ano. O real acumula queda de quase 10 por cento ante o dólar neste ano, até o momento. Nos últimos meses, a moeda chegou a tocar o menor nível desde a crise financeira global de 2008.

Sem queda nas margens – Batista tem dito repetidamente que a JBS pode economizar 1,2 bilhão de reais no próximo ano por meio de economia de custos pela integração com o Seara.

As perspectivas para as exportações de carne bovina dos Estados Unidos, onde a JBS tem uma operação relevante, continua a ser “muito positiva”, disse Batista, acrescentando que um processo de ganho de produtividade em matadouros no país e a crescente demanda da China por proteínas animais vão ajudar a sustentar as margens.

O executivo afirmou também que o impacto das políticas de retenção de rebanho nos EUA e maior confinamento no Brasil não devem ter um impacto significativo nas margens.

Batista disse na semana passada, em um evento em São Paulo, que a receita deve ficar em 120 bilhões de reais no próximo ano. A JBS teve lucro líquido de 258 milhões de reais no terceiro trimestre, abaixo das estimativas dos analistas, devido a um forte aumento dos custos operacionais em relação ao ano passado.