A Brasil Foods, atual denominação da Perdigão, estimou nesta quinta-feira (10/09) que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) levará pelo menos de quatro a cinco meses para aprovar a incorporação da Sadia. “É de quatro a cinco meses o tempo que a gente estima para uma definição do Cade”, declarou o copresidente do conselho de administração da BRF, Nildemar Seches, em palestra no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças.
A Sadia foi incorporada pela Perdigão em negócio formalizado no dia 19 de maio, após sofrer expressivas perdas com derivativos cambiais no ano passado.
O acordo que resultou na Brasil Foods ainda está sob análise do Cade, com o qual a empresa assinou um termo que garante a reversibilidade da aquisição.
No início deste mês, a BRF informou que vai transferir até R$ 3,5 bilhões à Sadia como parte do processo de “saneamento financeiro” da empresa.
Segundo Seches, a parte societária da operação está concluída e todos os acionistas da Sadia já migraram para a BRF. “Até o momento não tem dissidentes”, declarou ele, observando que o prazo para uma manifestação desse tipo está se encerrando.
Seches lembrou ainda, durante palestra, que a BRF, caso o negócio seja aprovado, formará uma empresa que negociaria 9% de toda a proteína animal do mundo.
Em entrevista a jornalistas, o executivo disse que o Cade poderia liberar operações conjuntas da BRF com a Sadia no exterior antes de uma aprovação final da associação.
Questionado se não haveria algum empecilho para ocorrer uma liberação parcial, ele afirmou. “Pode, não tem problema nenhum. Precisaria do Cade liberar o mercado externo…O mercado externo, o que afeta a concorrência interna?”, completou ele.
A autorização para operações internacionais conjuntas permitiria, por exemplo, que os diretores das empresas no exterior possam trocar informações e operar juntos. “Os diretores da Arábia Saudita da Perdigão e da Sadia ainda não podem conversar”, exemplificou.
O acerto das empresas com o Cade para reversibilidade da aquisição veda que a Perdigão exerça controle sobre a Sadia, determina que as estruturas administrativas, produtivas e comerciais da Sadia serão mantidas e independentes e ainda limita a troca de informações entre as duas empresas.