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Agroindústrias

Produtores de frango ameaçam parar a Doux Frangosul

O atraso no pagamento dos produtores de frangos integrados da Doux Frangosul no Rio Grande do Sul, que já se aproxima de seis meses, passou a ganhar uma repercussão estadual.

O atraso no pagamento dos produtores de frangos integrados da Doux Frangosul, que já se aproxima de seis meses, passou a ganhar uma repercussão estadual. Na última semana a crise foi tema de matéria no programa Gaúcha Repórter, apresentado por Lasier Martins. Ele entrevistou o tesoureiro da Associação dos criadores de frangos dos Vales do Caí e Taquari, Rigoberto Kniest, o qual ressaltou que o atraso atinge cerca de 2.600 produtores no Estado. Já na segunda-feira o desespero dos criadores foi a reportagem principal do RBS Notícias. A matéria na TV, que também foi exibida ontem, terça-feira, no Globo Rural e no Bom Dia Rio Grande, mostrou a propriedade de Rigoberto, em São José do Sul, e a reunião dos integrados, prefeitos e lideranças de entidades que lotou a Câmara de Vereadores de Montenegro na manhã de segunda-feira, dia 11.
Um dos produtores se destacava na reunião da Câmara por estar carregando no peito um cartaz com uma frase resumindo o anseio do grupo: “Só queremos o nosso dinheiro!”. Nilvo Kunz, de Linha Catarina, interior de Montenegro, ao lado da esposa Angelita, lembrou que já haviam se completado 162 dias de atraso, pois os pagamentos não ocorrem desde outubro. “Criamos 21 mil frangos, em dois aviários, mas agora vamos parar”, lamentou o casal. “Nunca tivemos dívidas e agora temos que pedir dinheiro emprestado”, completaram.
Além dos Vales do Caí e Taquari, participaram representantes de cidades distantes, como Lagoa dos Três Cantos e Pontão, no Noroeste do estado, mais Carlos Barbosa, Nova Bassano, Nova Roma do Sul e outras tantas cidades. “A avicultura representa mais de 25% da nossa economia”, declarou o prefeito em exercício de Itapuca, no nordeste gaúcho. Também estavam presentes prefeitos de Salvador do Sul, São José do Sul, Brochier e Poço das Antas, além de secretários de agricultura, presidentes de sindicatos e principalmente produtores rurais. A reunião foi solicitada pelo vereador Roberto Braatz (PDT), que lamentou a ausência de representantes da Doux Frangosul no encontro. Ele lembrou que a Doux Frangosul é a maior indústria de Montenegro em número de funcionários e responde por 28% da arrecadação de ICMS do município.

“Não sabemos mais o que fazer”, disse o prefeito de São José do Sul, Anildo Petry, que também é criador. “O nosso agricultor não tem mais poder aquisitivo e está endividado”, lamentou a prefeita de Salvador do Sul, Carla Specht, citando os prejuízos na agricultura e também ao comércio. “Os integrados já não têm mais como trabalhar. O desânimo é muito grande, alguns estão ficando doentes”, declarou a presidente da Associação dos Criadores, Cátia Schu, lembrando que os produtores não tem como pagar suas contas e financiamentos que fizeram justamente para investir os aviários.
Os produtores decidiram realizar um novo protesto na próxima terça-feira, dia 19. Caso até esta data não forem efetuados os pagamentos atrasados, os agricultores pretendem paralisar não só o frigorífico de Montenegro, mas também as unidades da Doux Frangosul em Nova Bassano e Passo Fundo. “Ninguém vai entrar”, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montenegro, Romeu Krug. A meta é impedir principalmente a entrada dos caminhões de frangos, o que chegou a ocorrer durante um protesto no ano passado.
A Comissão de Integrados da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado (Fetag) já havia decidido pela mobilização após analisar o documento encaminhado pela empresa Doux Frangosul, onde entendeu que não havia qualquer posição concreta sobre o pagamento dos lotes em atraso aos produtores integrados. O presidente da Fetag, Elton Weber, disse que a Comissão vai aguardar uma posição definitiva até o dia 15 de abril. “Após essa data é mobilização”, avisa.
O coordenador do Sindicato dos trabalhadores nas indústrias da alimentação, João Marcelino da Rosa, também defendeu o protesto.
Ele citou que os salários dos funcionários da empresa estão em dia graças a união da categoria. E entende que o mesmo deve ocorrer com os agricultores, que fornecem o frango, matéria prima para a indústria. “Só mesmo parando a fábrica”, acredita.
Uma comissão também foi formada para buscar uma audiência com o governador Tarso Genro. Uma reunião ontem à noite, na Fetag, em Porto Alegre, deveria definir o horário e detalhes do protesto marcado para o dia 19.
A assessoria de imprensa da Doux Frangosul, em nota, tem manifestado que a empresa está empenhada em regularizar os pagamentos.