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Exportações

Produtores paranaenses se adaptam a rigorosas exigências para impulsionar venda de frango e milho aos países árabes

Frigoríficos do estado precisam atender critérios religiosos ao fechar negócios com o Oriente Médio; exigência de qualidade para exportação de milho também é maior.<br /> 

Produtores paranaenses se adaptam a rigorosas exigências para impulsionar venda de frango e milho aos países árabes

Indústrias e produtores do Paraná têm se adaptado a critérios rigorosos de qualidade e de processos para fechar novos contratos e manter em alta as exportações de carne de frango e de milho a países do Oriente Médio.
A exportação de carne do estado para o bloco dos Países Árabes totalizou, de janeiro a novembro de 2020, US$ 655 milhões, sendo quase todo o montante em carne de frango, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Segundo os frigoríficos, o mercado árabe exige diversas adaptações da indústria: Os compradores são muçulmanos e seguem os ensinamentos que estão no Alcorão, o livro sagrado da religião. Por isso, só consomem carne halal, que quer dizer lícito ou permitido.

Para que um produto seja considerado halal, várias determinações devem ser seguidas. No caso da carne, por exemplo, os animais precisam estar virados em direção à Meca – cidade sagrada do Islã.

As plantas das indústrias do estado tiveram que ser adaptadas para cumprir às exigências. Além disso, segundo os critérios, o animal não pode sofrer, então, a degola dos frangos é feita manualmente e é supervisionada por um funcionário praticante da religião.

“A norma fala que o animal não pode ver o do lado sendo abatido, que o animal não pode sofrer e precisa estar em perfeito estado”, disse Omar Chahine, gerente de relações internacionais de uma empresa certificadora halal.

A faca também não pode ter contato com o sangue do animal. “Entendemos que o sangue é um produto que carrega muita impureza”, comentou.

Em uma cooperativa na região oeste do estado, duas linhas de produção foram preparadas para cumprir o ritual. No local, são abatidas cerca de 150 mil aves por dia.

O gerente industrial afirmou que este é um mercado muito importante para a empresa. “Hoje, nós destinamos 30% da nossa produção ao produto halal”, contou Moisés Grespan.

Todos os produtos ainda passam por uma verificação antes de atravessarem o oceano com destino aos países árabes. Uma vez por ano as fábricas são inspecionadas por uma certificadora.

“A auditoria é feita sempre por dois auditores, um técnico e um religioso que verificam se as regras estão sendo cumpridas”, relatou Omar Chahine.

Em 2020, o Paraná foi responsável por 40% da produção brasileira de frangos e carne bovina vendida aos países islâmicos. Os especialistas afirmam que ainda há espaço para que as empresas locais conquistem mais terreno neste tipo de mercado.

“O produto halal é um produto saudável, seguro. Acredito que daqui uns 5 ou 6 anos todos os países vão estar com essa consciência que o selo halal é extremamente importante e só vai ser consumido esse tipo de produto”, declarou Chahine.

Cresce venda de milho paranaense para o Oriente Médio

Muito usado na produção de ração, no Paraná, o milho colhido no estado começou a ganhar espaço na pauta de exportações para o Oriente Médio. Irã, Egito e Marrocos estão entre os principais compradores.

Na década de 1990, o mercado interno para venda no milho não passava por um momento favorável para a comercialização. Foi então que os produtores decidiram exportar o produto.

“Em função dos baixos preços e para poder remunerar melhor o produtor, nós conseguimos buscar isso no mercado externo. Fizemos a primeira exportação em 1996 para o Marrocos. Foi um marco no mercado internacional de milho”, relatou o presidente executivo da Coamo, Airton Galinari.

Desde então, a venda deste produto se tornou realidade. No ano passado, entre janeiro e novembro, o Paraná exportou 351 mil toneladas de milho, principalmente em grãos. Entre os países que mais importam, estão Irã, Egito e Marrocos.

Uma característica da exportação do milho que chama a atenção é a exigência pela qualidade do produto, que é mais alto em relação ao milho considerado avariado, ou seja, que foge do padrão de qualidade.

“O teor de avariados para o mercado interno é de até 6%. Para a exportação, o limite é de 5%”, disse Galinari.

A busca pela qualidade começa na lavoura. Igor Schreiner, produtor de Campo Mourão, plantou 44 hectares de milho na safra de verão e vendeu para a cooperativa, que é quem decide se o grão será vendido para o mercado interno ou se vai ser exportado.

“Pra mim, como engenheiro agrônomo e produtor rural, é muito gratificante saber que a produção da nossa área acaba alimentando direta ou indiretamente outras populações. E que o milho paranaense tem um valor não somente no nosso estado, mas um valor mundial”, destacou.