Os antimicrobianos são ferramentas essenciais ao combate de agentes patogênicos, seja em saúde humana ou animal. Nos últimos anos, cresceu a preocupação em preservar as principais moléculas antimicrobianas. O uso contínuo e desenfreado destes medicamentos leva a um processo natural de seleção de patógenos multirresistentes, podendo ocasionar em graves consequências em saúde pública ou em sistemas de produção intensiva de animais.
No caso de criações como a de suínos e aves, o uso dos antimicrobianos como aditivos melhoradores de desempenho vem sendo cada vez mais restritos. Algumas moléculas com importância para a saúde humana chegaram a ser proibidas para uso animal. Este tipo de medida exige da indústria e dos produtores uma readequação de suas produções, com melhorias em ações preventivas e de biosseguridade, assim como adoção de alternativas viáveis ao uso dos antimicrobianos como aditivos.
Ocorre que não é simplesmente substituir um produto por outro na ração. Esta é uma questão multifatorial e exibe uma nova forma de pensar. É mais do que necessário a adoção de um conceito atrelado ao que poderíamos chamar de “promoção da saúde”. Um conceito amplo e centrado no objetivo de se reduzir os desafios dos animais por patógenos, ao mesmo tempo em que se implementa medidas que auxiliem este animal a ter um custo metabólico menor quando desafiado.
Não é algo simples, porque envolve algumas transformações na rotina da granja, mas principalmente na forma como a produção é pensada. Neste cenário, ganha força também, e se torna cada vez mais urgente, a adoção do conceito “One Health”, ou Saúde Única, pelos organismos de saúde humana e animal, assim como pelas empresas da cadeia produtiva de suínos e aves. O conceito é centrado na inter-relação existente entre saúde humana-animal-ecossistema, e a adoção de políticas públicas coordenadas e de forma conjunta nestas três áreas.
Boa parte das enfermidades surgidas nos últimos anos tem origem zoonótica. Uma situação que sempre existiu, mas se agudizou com a destruição de importantes ecossistemas, densidades cada vez maiores de animais domésticos e proximidade com animais silvestres, que veem seu habitat natural desaparecer. É importante que o “One Health” – e tudo que o permeia – esteja cada vez mais na pauta do setor produtivo. Estará assim se preparando para o que será o futuro nas questões sanitárias, seja animal ou humana.
Humberto Luis Marques
Editor Suinocultura Industrial