Maior processadora de aves e suínos de Minas Gerais, a Rio Branco Alimentos (dona da marca Pif Paf) segue em busca de um sócio-investidor para viabilizar seus planos de expansão. As conversas com o mercado financeiro começaram ainda em 2011, quando a empresa apresentou uma proposta formal pelos ativos postos à venda pela BRF, mas perderam fôlego no segundo semestre do ano passado, com a crise que se abateu sobre o segmento.
Luiz Carlos Costa, principal executivo da empresa, disse ao Valor que as conversas voltaram a ganhar força e que está em contato permanente com “sete ou oito” fundos de investimento neste momento, a maioria dos quais de capital estrangeiro. Segundo ele, a empresa precisa de capital para expandir sua área de atuação, ainda muito concentrada em três Estados.
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo respondem por aproximadamente 80% da receita da companhia. A Pif Paf detém a liderança nesse mercado. Segundo pesquisa atribuída à consultoria Nielsen, a empresa tem 34,1% das vendas de cortes de frango e suínos na região. No segmento de pratos prontos, essa fatia é de 35,5%.
Contudo, a empresa quer entrar em São Paulo, o principal mercado do país, e ampliar sua participação no Nordeste a fim de se “nacionalizar”. “São Paulo é o principal mercado do país e podemos ser competitivos lá. Mas, para isso, precisamos de capital para investir”, afirmou Costa. O plano apresentado pela empresa aos potenciais investidores envolve a compra de outras empresas e a construção de plantas.
No ano passado, a Rio Branco Alimentos amargou um prejuízo líquido de R$ 14,52 milhões, 36% inferior aos R$ 22,96 milhões registrados em 2011. Segundo Costa, o lucro foi corroído pelo aumento nos custos de produção decorrentes da escalada nos preços da soja e do milho no segundo semestre de 2012 – os grãos são a base da ração usada para aves e suínos – e pela despesa financeira.
Segundo o executivo, a empresa contraiu uma dívida de aproximadamente R$ 250 milhões junto ao BNDES e ao Banco do Brasil para construir sua terceira unidade de produção, em Palmeiras de Goiás (GO), inaugurada no fim de 2011. Ao todo, o investimento consumiu quase R$ 300 milhões.
A receita da Pif Paf cresceu 25% no ano passado, para R$ 1,22 bilhão – um recorde. O aumento deveu-se, basicamente, à produção adicional da nova fábrica, que alcançou no ano passado dois terços de sua capacidade total de abate, de 150 mil aves por dia.
O resultado operacional também melhorou. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) cresceu 43% na mesma comparação, para R$ 86 milhões, o que significa uma margem de 7% em relação à receita líquida.
Costa afirmou que o desempenho da empresa no primeiro trimestre sugere que 2013 será um ano mais forte. No período, a empresa obteve uma receita de R$ 342 milhões, um aumento de 32% em relação ao registrado um ano antes. Só as vendas de carne de frango – carro-chefe da companhia – avançaram 38%, para R$ 180 milhões. E o Ebitda, que havia sido de apenas R$ 3,6 milhões no primeiro trimestre do ano passado, subiu para R$ 35,7 milhões.
Além de uma melhora na demanda, o executivo chama a atenção para a queda nos custos de produção. Segundo ele, a empresa já compra milho em Minas Gerais por um preço semelhante ao praticado no primeiro semestre do ano passado, antes de os efeitos da seca que devastou a produção nos EUA chegarem ao mercado brasileiro.
“A expectativa é que esse cenário fique ainda melhor no segundo semestre, com uma queda mais forte da commodity”, disse Costa. A aposta é baseada na previsão de uma colheita recorde de milho no Brasil e nos EUA, o que tem pressionado as cotações internacionais.