Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Queda do preço das matérias-primas beneficia empresas

<p>Perdigão teve diminuição nos custos de produção e a Sadia deve sentir os efeitos no próximo ano.</p>

Redação (06/11/2008)- O balanço do terceiro trimestre de 2008 da Perdigão confirmou a expectativa de queda nos custos de produção. Entre julho e setembro, a companhia começou a registrar queda no custo dos produtos vendidos, em comparação com o trimestre imediatamente anterior.

Esse comportamento deve-se à queda no preço das matérias-primas, como milho e soja, tanto no mercado externo como no doméstico. Esse efeito, segundo os analistas, deve ser ainda mais acentuado nos próximos trimestres e também atingir a concorrente Sadia.

Ao contrário da Perdigão, que obteve uma melhora de 0,6 ponto porcentual na margem bruta na comparação com o segundo trimestre, devido principalmente à queda dos preços das commodities agrícolas, a Sadia só deverá sentir um impacto significativo nos seus custos no primeiro trimestre de 2009. Isso por causa da grande quantidade de compras de grãos realizadas pela companhia no primeiro semestre deste ano, conforme lembra a equipe de análise da Brascan Corretora.

No caso da Perdigão, maior impacto positivo será sentido no quarto trimestre. Após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Perdigão, Leopoldo Saboya, disse que a companhia espera apresentar redução de custos no balanço do quarto trimestre. Ele lembrou que os preços do milho caíram 10% no terceiro trimestre, em comparação com o segundo trimestre de 2008. Porém, os impactos mais significativos desse movimento devem ser sentidos nos próximos meses, em razão da defasagem que existe entre a compra do insumo e a venda do frango, que leva três meses para ser criado.

Recuo maior que 40%

Desde julho, quando os preços do milho e da soja atingiram máximas históricas, as cotações recuaram mais de 40% no mercado internacional. O comportamento foi acompanhado, ainda que em menores proporções, no mercado interno. Em setembro, o indicador Esalq/BM&F Bovespa para os preços do milho caiu 6,3%. No mês anterior, a queda foi de 4,4% e, em julho, a retração foi da ordem de 11,5%.

Além do estouro da bolha especulativa das commodities no mercado internacional, o aumento da oferta de milho no mercado interno deve ajudar a reduzir ainda mais os preços do principal insumo das indústrias produtoras de aves. A safra 2007/08 recorde indica que os estoques finais serão elevados.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de milho em 2008 (colheita de verão e safrinha) deverá totalizar 58,6 milhões de toneladas, frente a um consumo interno de 44,5 milhões de toneladas. Somado aos estoques de passagem (6,6 milhões de toneladas), o excedente de mercado interno é de 20,7 milhões.

Diante da perspectiva de elevados estoques, os produtores rurais finalizam as suas decisões de plantio da safra de verão, e a tendência é de que eles reduzam a área destinada ao cultivo de milho na próxima safra, o que pode sinalizar recuperação de preços no longo prazo.

Operacional x financeiro
No que diz respeito à atividade operacional, os balanços de Sadia e Perdigão foram avaliados de maneira positiva por analistas de mercado. Tanto Sadia como Perdigão apresentaram crescimento significativo na receita e redução nas despesas operacionais, que abrange as despesas com vendas e as gerais e administrativas. A alta no custo dos produtos vendidos em relação ao terceiro trimestre de 2007, no entanto, custou à Sadia uma queda de 2,9 pontos porcentuais na margem Ebitda.

O maior problema nos balanços, até agora, é a conta financeira. No caso da Sadia, a situação é mais grave. O resultado financeiro da companhia foi negativo em R$ 1,2 bilhão no trimestre, devido à despesa de R$ 544 milhões com variação cambial sobre instrumentos derivativos, R$ 239 milhões com a marcação a mercado de títulos de uma instituição financeira que entrou em default, além de R$ 108,7 milhões com a alienação de algumas notas estruturadas. As perdas, portanto, totalizaram R$ 893 milhões, acima dos R$ 760 milhões que haviam sido antecipados pela empresa.

Na Perdigão, a valorização do real sobre a exposição cambial líquida da companhia, no valor de US$ 700 milhões (o equivalente à receita de três meses com exportações), provocou despesas financeiras líquidas de R$ 244 milhões. Como se trata de uma despesa sem desembolso de caixa e é parte da política de hedge da empresa, esse tipo de perda já era esperada pelo mercado.

Fonte : O Estado de S. Paulo.