A processadora de carnes americana Tyson Foods está reformulando seu quadro de executivos à medida que os custos aumentam e suas vendas diminuem. A empresa com sede em Arkansas transferiu esta semana executivos para novas funções nas áreas de finanças, operações comerciais e alimentos prontos.
As mudanças incluem a nomeação de John R. Tyson, bisneto de 32 anos do fundador da empresa, como diretor financeiro. Ele ocupa as posições de vice-presidente executivo de estratégia e diretor de sustentabilidade, funções que continuará exercendo.
Quando assumir o cargo, a partir de domingo, John R. Tyson será o CFO mais jovem de uma empresa listada no S&P 500, segundo a CristKolder Associates. A idade média dos diretores financeiros das empresas que estão nesse grupo é de 53,1, no caso dos homens, e de 52 no das mulheres.
Os movimentos acontecem após a saída do chefe da divisão de alimentos embalados da Tyson e da recente demissão do chefe de negócios internacionais. Donnie King, CEO da Tyson, disse que as novas nomeações se baseiam na ampla experiência da equipe de gerenciamento da empresa.
Conflito de interesses?
Especialistas em governança corporativa avaliam que, apesar de a Tyson ter histórico de colocar membros da família fundadora em posições de poder, a nomeação de John R. Tyson levanta preocupações específicas sobre possíveis conflitos de interesse. O jovem executivo é bacharel em Economia pela Universidade de Harvard e mestre em Administração de Empresas pela Universidade de Stanford.
Joseph Grundfest, membro sênior do corpo docente do centro de governança corporativa das faculdades de Direito e Negócios da Universidade de Stanford, a grande questão é se o bisneto do fundador da companhia será demitido caso não desempenhe adequadamente a nova função. John R. Tyson começou a trabalhar na empresa em 2019, depois de passagem pelo banco de investimentos JPMorgan & Chase Co.
Segundo o diretor-fundador do Weinberg Center for Corporate Governance da Universidade de Delaware, Charles Elson, nomear um filho como diretor financeiro em uma empresa de capital aberto é bastante incomum. Segundo ele, as relações familiares podem comprometer a independência de ambas as partes, causar problemas em casos de desacordo ou desempenho fraco e levantar questões sobre favoritismo.
A diretoria da Tyson preferiu não comentar a decisão, mas um porta-voz realçou que a nomeação não fere nenhuma regra de governança. Além disso, segundo essa fonte, não há conflito de interesses porque o presidente-executivo da empresa, Donnie King, junto com um conselho de 13 pessoas, composto principalmente por membros independentes, supervisiona o desempenho dos executivos.
Acionistas minoritários
A Tyson Foods possui duas classes de ações, cada uma com diferentes direitos de voto em assuntos como eleições de diretores. A maioria dos investidores tem direito a um voto por ação, mas a Tyson Limited Partnership — que representa a holding da família — possui quase todas as ações com direito a dez votos cada. A família fundadora tinha quase 71% do total de direitos de voto em dezembro de 2021.
“É preocupante [que] eles nomearam um homem de 32 anos com experiência financeira mínima, mas esse é o risco que os acionistas minoritários assumem quando compram ações de uma empresa familiar”, disse Rebecca Scheuneman, analista sênior de ações que trabalha para o braço de pesquisas da empresa de serviços financeiros Morningstar.