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Reduzir gastos é meta da Perdigão

Empresa corta despesas para amortizar dívidas e aumenta vendas no exterior.

Da Redação 07/10/2003 – 05h40 – Depois do primeiro trimestre fraco, quando registrou um prejuízo de R$ 6,7 milhões, a Perdigão voltou a mostrar um resultado positivo com lucro de R$ 13,3 milhões no fechamento do primeiro semestre e deve continuar tendo um bom desempenho operacional até o fim do ano. Os problemas financeiros enfrentados pela companhia no início de 2003 foram conseqüência de um aumento nos custos de produção, principalmente no preço do milho, e da dificuldade de repasse dessa alta para o consumidor final.

Integrante da Carteira Valor publicada na edição de ontem, a ação preferencial da empresa registra uma alta significativa de 50,82% no acumulado do ano. E os analistas do mercado continuam confiantes de que o papel deve manter o ritmo de crescimento experimentado nos primeiros nove meses.

Seguindo uma tendência do setor, a Perdigão vem destinando boa parte da sua produção para outros países, enquanto aguarda o reaquecimento do mercado interno. A exemplo das outras companhias alimentícias, a Perdigão também enfrenta forte resistência dos mercados da União Européia e Rússia em relação à parte dos seus produtos, principalmente o frango. “A empresa está sabendo driblar bem as barreira comerciais no exterior e continua aumentando o volume de vendas externas”, afirma Alexandre Garcia, analista da Espírito Santo Research que recomenda compra para os papéis da empresa.

Segundo Garcia, a estratégia de aumentar o mix de produtos, dando ênfase aos industrializados, vem alavancando as vendas em outros países. Além disso, a empresa exporta para outras regiões como Ásia e Oriente Médio que estão contribuindo fortemente para geração de receita.

A Perdigão passa por um processo de redução de dívidas para garantir o enxugamento do seu balanço financeiro. Para atingir o objetivo, a companhia vem cortando despesas visando uma maior geração de caixa, que deve ser destinada ao pagamento de suas dívidas.

No último dia 30, a empresa lançou um fundo de recebíveis com títulos oriundos de negociações no mercado brasileiro e patrimônio de R$ 80 milhões com o objetivo de levantar capital para redução do passivo.

“Devemos ver o resultado desta estratégia de amortização de dívidas ainda no quarto trimestre desse ano”, diz Garcia. O analista, que projeta uma receita R$ 3,657 bilhões e lucro de R$ 60 milhões para o fim de 2003, acredita que a empresa está privilegiando o resultado sobre a conquista de novas posições no mercado, o que deve influenciar positivamente o resultado financeiro no ano.

Luiz Alberto Binz, analista da Geração Futuro acredita que o desempenho da empresa foi afetado por uma gestão financeira um pouco deficiente, mas que essa distorção já está sendo corrigida. “A Perdigão ficou um pouco para trás por não ter previsto alguns movimentos de preços, mas agora eles estão no caminho certo”, diz. Segundo Binz, o quarto trimestre, tradicionalmente o melhor período de vendas para indústrias de alimentos, já deve antecipar como vai se dar a recuperação do mercado consumidor interno. “Não espero um aumento brusco nas vendas internas, mas o cenário deve melhorar já no primeiro semestre de 2004”.