A indústria de carne dos EUA está se esforçando para descobrir por que menos ovos de granjas comerciais estão eclodindo com sucesso. Nos primeiros cinco meses deste ano, 81,52% dos ovos colocados em incubadoras eclodiram, o que representa uma queda de 1 ponto porcentual em relação à média dos cinco anos anteriores e o menor nível desde o início de 2007, segundo o Rabobank. Isso pode ser um grande problema para as empresas de um setor que precisa criar, abater e processar cerca de 750 milhões de frangos por mês.
“Isso é bastante incomum”, disse Will Sawyer, analista de proteína animal do Rabobank. Ele acredita que ninguém sabe ao certo quais as causas dessa redução.
O esforço de décadas para acelerar o crescimento dos frangos nunca contribuiu para a fertilidade dos animais. Mas o setor aponta para uma confluência de fatores que estaria por trás do declínio deste ano. Alguns acreditam que novas variedades de matrizes de crescimento rápido estão comendo demais e ficando muito pesadas para procriarem efetivamente. O plantel reprodutor também pode estar ficando mais velho, o que reduz a fertilidade. A libido de aves mais velhas tende a diminuir, dizem criadores e acadêmicos.
A situação afeta tanto empresas quanto consumidores de aves. Aos preços atuais, uma queda de 1 ponto porcentual na porcentagem de ovos que eclodem se traduziria em vendas perdidas de cerca de US$ 121 milhões para a indústria nos primeiros cinco meses de 2017, de acordo com estimativas de analistas.
Para varejistas, restaurantes e consumidores, esse fator, junto com o aumento das exportações de carne e a forte demanda dos consumidores, vem contribuindo para preços mais altos. Os preços no atacado do peito desossado aumentaram 68%, enquanto para o consumidor subiram 3%, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e do Escritório de Estatísticas do Trabalho. Os supermercados costumam operar com contratos de fornecimento de seis a 12 meses para aves de corte, o que sugere que os preços ao consumidor podem aumentar ainda mais.
As empresas que dominam a indústria de frango dos EUA, como Tyson Foods, Pilgrim’s Pride, Perdue Farms e Sanderson Farms, contam com uma rede bem administrada de granjas de reprodução e incubadoras de escala industrial. Essas granjas produzem cerca de 180 milhões de pintos de um dia por semana.
As matrizes são fornecidas por empresas que mapearam o DNA dos animais para ajudar a escolher as aves que ganham peso rapidamente e consomem a menor quantidade possível de ração. “Essas aves podem crescer e ficar bem preguiçosas”, disse Phil Stayer, veterinário da Sanderson Farms, empresa que criou e processou cerca de 500 milhões de frangos em 2016.
Além de possíveis problemas decorrentes do excesso de alimentação e da idade, alguns atribuem a redução da fertilidade às novas matrizes. Por exemplo, a Aviagen, com sede no Alabama, introduziu nos últimos dois anos novas aves que agora representam quase metade do mercado americano de matrizes.
Descobrir como administrar uma nova matriz pode ser complicado. A diminuição da quantidade de ração pode deixar galinhas e galos lentos e reduzir a fertilidade. Por outro lado, o ganho excessivo de peso pode torná-los preguiçosos, de acordo com Keith Bramwell, um especialista em aves na Universidade do Arkansas. “Infelizmente, se você permitir que as matrizes atinjam seu potencial de crescimento, elas serão péssimas matrizes”, disse Bramwell, que trabalha com processadoras de carne de frango em suas granjas de reprodução. “É uma linha tênue”. Componentes de ração, como níveis de calorias e proteínas, estão sendo ajustados para que as aves tenham o peso ideal.
Bramwell disse também que misturar diferentes faixas etárias dentro de um grupo de galos reprodutores tem um impacto. A inclusão de galos jovens de 25 semanas pode estimular o instinto reprodutivo dos rivais mais velhos, disse. Por Dow Jones Newswires.