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Agroindústrias

Resultado da BRF fica abaixo do esperado

Lucro e receita crescem, mas não convencem investidor; ações da companhia recuam 3,8% na bolsa.

Resultado da BRF fica abaixo do esperado

Dois meses após assumir a presidência da BRF com um clima de euforia no mercado, Cláudio Galeazzi terá hoje o desafio de convencer os investidores que o resultado abaixo do esperado registrado no terceiro trimestre, divulgado ontem, foi apenas um acidente de percurso.

Apesar de reportar desempenho superior na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, a BRF desagradou aos acionistas. Ontem, a ação da companhia na BM&FBovespa fechou a R$ 53,01, recuo de 3,79%, a segunda maior queda do Ibovespa.
 
Entre julho e setembro, a BRF teve lucro líquido de R$ 287,015 milhões, ante o ganho de R$ 90,872 milhões no mesmo intervalo do ano passado. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) chegou a R$ 754 milhões, avanço de 58% na comparação com os R$ 476 milhões do mesmo período de 2012. A margem Ebitda foi de 9,9% no terceiro trimestre, ante os 6,6% de um ano antes.

No mercado financeiro, porém, havia expectativa de que o lucro da empresa ficasse entre R$ 299 milhões e R$ 401 milhões, conforme cinco estimativas de analistas

O resultado também frustrou a própria empresa. “Não obstante um desempenho bastante favorável se comparado com o ano anterior e a nossa demonstração de resiliência frente a um cenário doméstico ainda desafiador, o fato é que o desempenho ficou abaixo da nossa expectativa”, afirmaram o presidente do conselho da administração da BRF, Abilio Diniz, e o diretor presidente Galeazzi, em comunicado.

Apesar disso, a empresa reafirmou o plano de elevar em R$ 1,9 bilhões o resultado operacional anual da companhia, a partir de 2016. “Até o momento, estamos em linha com esse plano”, diz o comunicado, dando o tom de como será a apresentação que Galeazzi fará hoje a analistas, em reunião na capital paulista.

No terceiro trimestre, a BRF se ressentiu mais uma vez do “ambiente de mais consumo retraído” no Brasil. Desde o início do ano, a empresa aponta a inflação de alimentos e a conjuntura econômica brasileira como fatores que dificultam as vendas.

No terceiro trimestre, de fato, o volume vendido no mercado interno teve forte queda. No período, a BRF vendeu 536 mil toneladas, retração de 16% na comparação com as 641 mil toneladas comercializadas no terceiro trimestre de 2012. A divisão de lácteos teve queda da mesma magnitude, a 229 mil toneladas.

Em que pese a retração das vendas, a BRF conseguiu elevar a receita obtida no mercado interno graças a preços médios maiores. Entre julho e setembro, os produtos vendidos no mercado brasileiro registraram valor médio 23,6% superior ao apurado em igual período de 2012. Conforme a BRF, esse desempenho se deve à “melhoria de portfólio e principalmente repasse de inflação”. Com isso, a receita líquida da BRF no mercado nacional avançou 4% no terceiro trimestre, para R$ 4,269 bilhões. No mesmo período de 2012, a empresa havia registrado uma receita de R$ 4,087 bilhões. O mercado doméstico representou 56,3% da receita total da BRF, que somou R$ 7,578 bilhões no terceiro trimestre.

Além do momento ainda “desafiador” da economia brasileira, a BRF também teve dificuldades nas exportações, apesar do câmbio mais favorável. A empresa teve de lidar com o excesso de chuvas no porto de Itajaí (SC), que prejudicou as vendas externas da empresa em setembro, e com os altos estoques de carne de frango no Oriente Médio, principal destino das exportações da companhia.

Entre julho e setembro, a BRF exportou 609 mil toneladas de produtos, queda de 3% ante as 628 mil toneladas do mesmo período do ano passado. Apesar dessa queda, o dólar mais valorizado puxou a receita em real com as exportações. No trimestre, a BRF obteve R$ 3,2 bilhões com os embarques, alta de 6% na comparação com os R$ 3 bilhões do mesmo intervalo do ano passado.