Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Resultados da Sadia dependem do câmbio

<p>Mercado continua desconfiando da alta exposição da empresa em operações de derivativos cambiais.</p>

Redação (31/10/2008)- Apesar de resultados operacionais positivos, o balanço do terceiro trimestre da Sadia – que apresentou um prejuízo de R$777,4 milhões – não tranqüilizou o mercado, que continua desconfiando da alta exposição da empresa em operações de derivativos cambiais. A avaliação é que os próximos resultados da empresa continuarão dependendo do comportamento do câmbio, em detrimento de seu desempenho operacional. Segundo informou no seu balanço, a companhia ainda tem em aberto US$ 2,3 bilhões em contratos futuros de câmbio com vencimentos em até 12 meses.

Para Peter Ping Ho, da corretora Planner, de fato, não faria sentido para a empresa liquidar antecipadamente contratos de derivativos cambiais – inclusive captando recursos com taxas mais altas de juros – diante de projeções do mercado que prevêem recuo da cotação do dólar, tanto para este ano para níveis próximos de R$1,90, quanto para o ano que vem, para o patamar de R$1,80. "Mas o problema neste momento é que a companhia não abriu em conferência ontem com analistas o procedimento que está adotando diante dos contratos que venceram em outubro, mês em que o câmbio médio está em R$ 2,1846", afirma Ping Ho.
Na análise de um gestor de fundos, a atual estrutura de proteção cambial da companhia a mantém extremamente dependente da flutuação da moeda norte-americana. "Quem compra Sadia agora está à mercê do jogo do frango e do jogo do dólar", observou. A oscilação da moeda, portanto, deverá ter uma importância tão grande ou maior do que o desempenho operacional para os próximos resultados.
No balanço, a Sadia simula o efeito desses contratos de derivativos cambiais em sua contabilidade em dois cenários de câmbio. No primeiro, com o dólar a R$ 1,95, a empresa prevê perdas líquidas (contratos vendidos menos os comprados) de R$ 491,117 milhões. Esse prejuízo, porém, seria anulado com o efeito cambial em seu faturamento com exportação, em torno de R$ 750 milhões. No final das contas, o efeito líquido no caixa seria positivo em R$258,883 milhões. Em um outro cenário, com o câmbio em R$2,20, esse efeito no caixa seria ainda maior, de R$417,841 milhões, pois apesar das perdas maiores nos contratos derivativos (R$1,082 bilhão), a receita adicional das exportações seria de R$1,5 bilhão.
Embora mostre uma posição aparentemente adequada para arcar com os prejuízos em derivativos, uma parte do mercado considerou negativo o fato de a empresa manter exposições pesadas a instrumentos comprovadamente perigosos como o "target forward", que impõe perdas em dobro em caso de alta do dólar. "A empresa mentiu novamente quando afirmou que havia liquidado essas operações", criticou um profissional, ao lembrar o deslize original da companhia ao manter apostas em derivativos muito acima das receitas em dólar com exportações.