A Peste Suína Africana (PSA) tem se proliferado pela Ásia e Europa, dizimando populações de suínos, principalmente na China. A enfermidade é letal para os animais, resultante em grandes prejuízos econômicos. O Brasil já sentiu o peso de registrar focos da doença. Em 1978 a PSA foi identificada em suínos de subsistência no Rio de Janeiro, alimentados com restos alimentares de voos internacionais. Hoje erradicada no país, à época representou enormes perdas, mesmo sem chegar a granjas industriais. As exportações, por exemplo, que davam seus primeiros passos, foram bloqueadas, e a atividade, que avançava em seu processo de profissionalização, enfrentou um período de crise.
Ao longo de todos estes anos, o setor produtivo amadureceu, incorporando modernos aspectos de biosseguridade. O produtor se tornou mais consciente da importância de manter o status sanitário de seu plantel, cobrando das autoridades investimentos e adoção de medidas preventivas em pontos de risco. No entanto, a proliferação de casos pelo mundo aumenta as possibilidades de entrada do vírus no país. Por isso, ações preventivas são tão importantes, principalmente em aeroportos, portos e outros pontos de entrada, considerados o de maior risco para uma eventual chegada do vírus da PSA.
A situação é preocupante, porque o status sanitário brasileiro é um verdadeiro patrimônio. Livre de muitas enfermidades de alto impacto econômico, o Brasil tem conseguido abrir mercados e suprir partes consideráveis da demanda mundial por proteína de origem animal. É fundamental que as áreas responsáveis do Ministério da Agricultura adotem medidas intensivas fiscalizatórias, assim como invistam em pessoal e estrutura. Um bom exemplo é a questão dos cães farejadores. Essenciais na detecção de alimentos cárneos em bagagens de passageiros vindos de países afetados pela PSA, são apenas dois cães treinados, sendo que o país dispõe de quase 30 aeroportos internacionais.
Uma nova situação de enfermidade como a PSA seria catastrófico para a suinocultura brasileira, representando o fechamento de mercados que agora se abrem para o produto nacional, acarretando de enormes prejuízos econômicos ao produtor e a toda a cadeia produtiva. Por isso, as entidades representativas da suinocultura não devem deixar de cobrar o governo e a intensificação de medidas de biosseguridade nas granjas. Só assim conseguiremos preservar esse enorme patrimônio brasileiro, que é o seu atual status sanitário.
Boa leitura a todos!
Humberto Luis Marques