Em meio ao cenário adverso para que as empresas brasileiras captem recursos no mercado internacional, a Rodopa Alimentos – dona da marca Tatuibi – adiou os planos de emitir títulos no exterior para amortizar sua dívida de curto prazo e investir na ampliação de sua capacidade de abate de bovinos e da produção de processados para o food-service.
Sem os recursos provenientes da captação, o quarto maior frigorífico do país agora deve contar com a ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar os investimentos na ampliação da capacidade, afirmou ao Valor o diretor-executivo da Rodopa, Sérgio Longo. O montante a ser emprestado pelo BNDES ainda está definido, mas o banco de fomento será a principal fonte de financiamento dos investimentos de R$ 70 milhões previstos pela companhia para este ano.
Voltada ao pequeno e médio varejo, a companhia fundada em 1958 pela família Bindilatti pretende mais do que dobrar sua capacidade de abate de bovinos, das atuais 3 mil cabeças por dia para cerca de 7,5 mil cabeças por dia ano e alcançar um faturamento de R$ 1,2 bilhão já em 2012 – no ano passado, o faturamento da Rodopa chegou a R$ 860 milhões.
Conforme já informou o Valor, os planos da empresa passam pela aquisição de dois frigoríficos. Atualmente, a Rodopa possui quatro unidades de abate, localizadas nos municípios de Ipuã e Santa Fé do Sul, no Estado de São Paulo, Cassilândia (MS) e Goiás (GO).
Além dos frigoríficos, a companhia conta com uma unidade de processados – os chamados cortes “porcionados” – em Cajamar (SP), voltada ao food-service. “Inauguramos a unidade no ano passado e em menos de três meses ela atingiu a produção prevista para o ano”, disse Longo, citando a ampliação da área de processados como um dos prováveis destinos dos recursos que o BNDES deve emprestar à Rodopa.
O executivo afirmou, ainda, que a alta taxa de retorno exigida pelos investidores interessados na emissão dos títulos da Rodopa, em torno de 13,5% e 14%, inviabilizou a captação. “Nesses termos, a companhia entende que não é vantajoso”, explicou Longo. Segundo ele, a empresa só emitiria os títulos caso a taxa de retorno ficasse num intervalo entre 11% e 12%.
Se os investimentos programados pela Rodopa contarão com a ajuda do BNDES, o mesmo não acontecerá com a estratégia de alongar o perfil da dívida da companhia, outro objetivo pretendido pela empresa com a captação. A Rodopa encerrou o ano passado com uma dívida líquida de R$ 120,7 milhões – 80% dela com vencimento no curto prazo, de acordo com o executivo.
Com a captação, a Rodopa poderia rolar sua dívida de curto prazo para 2017, data prevista para o vencimento do título. “Mas tenho o apoio dos bancos locais para alongar o de curto prazo”, relativizou o executivo.
Ex-diretor financeiro da JBS e à frente da Rodopa desde 2009, Longo segue atento às oportunidades para a aquisição das duas unidades de abate. O executivo não comenta, mas a companhia negociou o arrendamento de um frigorífico em Coxim (MS), com capacidade de abate de 450 cabeças por dia, mas perdeu a concorrência para a própria JBS.