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Sadia aplica R$ 800 milhões no Mato Grosso

<p>Empresa construirá mais três novas unidades no Estado; integrados devem investir R$ 700 milhões.</p>

Da Redação 20/08/2005 – A Sadia anunciou ontem um investimento de R$ 800 milhões, com recursos próprios, na instalação de dois abatedouros de aves, uma unidade de abate e industrialização de suínos e fábricas de ração no Mato Grosso. O anúncio foi feito após assinatura de protocolo de intenções com o governador do Estado Blairo Maggi, em Cuiabá.

O investimento, o maior dos últimos anos, segundo a empresa, prevê a construção de um abatedouro em Lucas do Rio Verde, região central do Estado, com capacidade de abate de 500 mil aves/dia e outro do mesmo porte em Campo Verde, na região de Cuiabá. A cidade em que ficará o frigorífico de carne suína ainda não foi definida. A capacidade de abate dessa unidade será de 5 mil suínos/dia.

Além do aporte de R$ 800 milhões da Sadia que será feito entre 2006 e 2009, os produtores integrados também devem investir R$ 700 milhões no período na construção de aviários e granjas de suínos. Parte dos recursos virá do Fundo Constitucional do Centro-Oeste, segundo o diretor de relações institucionais da Sadia, Alfredo Felipe da Luz Sobrinho.

Conforme antecipou o Valor, para construir a unidade em Lucas do Rio Verde, a Sadia ocupará a área do projeto Ema (Empresa Mato-grossense de Alimentos), de 50 hectares e outros 350 hectares. O projeto previa a construção de um abatedouro em Lucas, mas os idealizadores desistiram do plano e venderam a área à Sadia.

Felipe da Luz afirmou que a empresa “já deveria ter construído a unidade de Campo Verde há 10 ou 12 anos”, onde tem aviários de frango que abastecem uma unidade da empresa em Várzea Grande, perto de Cuiabá. Na época, no entanto, faltava à região a infra-estrutura necessária para que uma planta fosse construída, disse.

Em relação à fábrica de suínos, o executivo disse que está sendo escolhido um local onde haja produtores habituados à suinocultura. Ele disse que a unidade será “modelo”, adequada às exigências da União Européia, bloco para onde o Brasil ainda não tem permissão para exportar carne suína por restrições sanitárias.

As três novas plantas devem começar a operar no início de 2007, de acordo com Felipe da Luz. Num primeiro momento, devem trabalhar com metade de sua capacidade e atingir a capacidade total até o fim de 2009. A expectativa da empresa é que, então, as unidades gerem uma receita adicional da ordem de R$ 1,2 bilhão anual.

Cerca de 60% da produção das novas unidades será destinada à exportação, disse Felipe da Luz. Os embarques serão feitos via portos de Paranaguá e Itajaí.

A grande oferta de grãos, como milho e soja, no Mato Grosso, é um forte fator de atração para frigoríficos, mas os incentivos fiscais do governo do Estado certamente contribuíram para a decisão. A Sadia terá isenção de 75% do ICMS nas operações interestaduais por 15 anos e poderá ter desconto de até 75% do Imposto de Renda por estar na área da Amazônia Legal, desde que invista o valor descontado no próprio negócio, explicou o governador Blairo Maggi. Para ele, a oferta de grãos e os incentivos fazem com empresas como Sadia e Perdigão “olhem para o Estado”.

Maggi espera que os investimentos da Sadia no Estado atraiam outras empresas, como fábricas de embalagem, por exemplo. “Nosso objetivo é agregar valor, melhorar a balança interna [do Estado] e proporcionar a geração de emprego nas regiões de produção”, afirmou.

A expectativa é que as novas fábricas da Sadia gerem 8 mil empregos diretos e 24 mil indiretos no Estado quando estiverem operando com toda a capacidade Questionado sobre o incentivo fiscal generoso – segundo avaliação de fontes do setor – , Felipe da Luz disse que os incentivos compensam as as deficiências logísticas da região.

Com os novos investimentos no Mato Grosso, a Sadia avança numa região em que a Perdigão acaba de chegar após a compra do frigorífico Mary Loise, em Nova Mutum.