A Sadia disse em nota divulgada ontem (16/03) que as operações bancárias vinculadas a exportações que realizou são todas regulares e foram registradas nos sistemas de controle do Banco Central.
A Folha revelou na edição de ontem que a Polícia Federal investiga a empresa por suspeitar que ela recorreu a uma operação bancária chamada ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio) para supostamente praticar fraudes cambiais. Procurada pela Folha antes da publicação da reportagem, a empresa não quis se pronunciar.
ACC é uma operação em que o banco antecipa recursos para a empresa financiar a produção a ser exportada e tem taxas de juros que chegam à metade das praticadas pelo mercado.
Uma das suspeitas é que a Sadia obtivesse ACCs sem realizar as exportações que deveriam lastrear a operação.
“Todos os contratos de ACC da Sadia estão lastreados em exportações efetivamente realizadas e registradas no Sisbacen (na contratação do ACC com banco) e no Siscomex (registro da exportação e do embarque)”, diz a nota. Sisbacen e Siscomex são sistemas de controle do Banco Central.
Ainda de acordo com a nota, a investigação da PF visava apurar operações feitas pela corretora Lira. “A Sadia não era o foco da investigação”, afirma o texto da companhia.
A reportagem da Folha diz que a investigação começou na Lira, em setembro de 2008, e estendeu-se à Sadia. A apuração começou na Polícia Civil e foi transferida para a PF por determinação judicial e por pedido dos advogados da Sadia.
A nota afirma que a Sadia -que se fundiu à Perdigão em 2009, criando a BR Foods- está colaborando com a PF e já apresentou a documentação que comprova “a lisura e a licitude das operações praticadas pela empresa com a corretora Lira, entre 2002 e 2005”.
Ainda de acordo com a nota da empresa, todas as operações com ACCs estão “devidamente contabilizadas nas demonstrações financeiras publicadas da companhia, que passam por auditoria externa, e são detalhadas em notas explicativas”.
A Sadia refutou a hipótese da polícia de que os volumes de ACCs seriam incompatíveis com suas exportações.
“Sobre o fato de a Sadia ter feito em apenas um dia US$ 60 milhões em operações de ACC, não há nada de atípico, dado ao volume enorme de exportações da companhia -que, no mesmo período, chegou a ultrapassar US$ 300 milhões em um mês”, diz a nota.
Segundo a nota, a descriminação dos produtos a serem exportados e o destino da exportação são feitos durante o embarque da mercadoria, e não na emissão das ACCs.