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Sadia e Caramuru podem produzir frango congelado na Índia

<p>Os indianos iniciaram um cerco a empresas brasileiras de vários setores para convencê-las a investir no seu país.</p><p></p>

Redação AI (21/08/06)- Na sexta-feira o empresário Cesar Borges, um dos acionistas da Caramuru Alimentos, embarcou para Nova Délhi, na Índia, para uma viagem de negócios que pode durar até duas semanas. Dias antes, o representante da Sadia em Dubai, nos Emirados Árabes, também resolveu dar um pulo naquele país. A visita de ambos tinha o mesmo propósito: Sadia e Caramuru estudam a possibilidade de fabricar frango congelado e óleo de soja na Índia. O interesse comercial não surgiu por acaso. Nos últimos tempos, os indianos iniciaram um cerco a empresas brasileiras de vários setores para convencê-las a investir no seu país.

A viagem dos executivos já é fruto de uma recente missão ao Brasil do ministro indiano da indústria de processamento de alimentos. Sadia e Caramuru não são os únicos alvos dos indianos. Até agora, eles assediaram grandes construtoras, como Odebrecht, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, cadeias de varejo de móveis, como a Tok & Stok, e fabricantes de calçados do sul do País. E, daqui para a frente, o assédio só vai aumentar. Em setembro, está prevista a visita do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, ao Brasil.

Os indianos têm uma lista extensa de atrativos. O país cresce 8% ao ano, tem uma classe média de 300 milhões de pessoas (o equivalente a dois Brasis), um mercado de capitais estruturado, com 24 bolsas de valores em operação, e uma farta mão-de-obra de engenheiros.

Na área de alimentos, há inúmeras oportunidades. “O mercado é praticamente virgem. As empresas brasileiras têm a chance de impor suas marcas num mercado ainda amador”, disse o indiano Rakesh Vaidyanathan, sócio do Jay Group, consultoria especializada em mercados emergentes.

Segundo ele, apenas 2% dos alimentos da Índia são industrializados. O resto é vendido in natura. As condições de armazenamento e distribuição são tão precárias que 40% dos alimentos são desperdiçados entre o campo e o varejo. “Consideramos a Índia um mercado muito importante, mas ainda é cedo para investir”, afirmou José Augusto Lima de Sá, diretor-comercial de mercado externo da Sadia.

Na construção civil, faltam empresas para acompanhar o ritmo frenético das obras. O governo indiano está investindo US$ 50 bilhões por ano em estradas, aeroportos, metrôs, redes de energia e esgoto. A construção civil indiana cresceu 8% em 2005, ante 1,3% do Brasil
O consulado da Índia em São Paulo já entrou em contato com as grandes empreiteiras do Brasil. Até agora, porém, nenhuma foi até a Índia. As empreiteiras brasileiras ainda estão mais preocupadas em se expandir em regiões onde já atuam, como a América Latina e a África.
Pode ser uma oportunidade perdida.

Um estudo da PricewaterhouseCoopers feito recentemente com 1,4 mil presidentes de empresas de todo o mundo revelou que 64% deles apontam a Índia como destino certo de investimento nos próximos três anos. No Brasil, segundo um levantamento do Instituto de Estudos e Comércio Internacional, 60% dos executivos de grandes empresas não têm interesse algum em aprofundar relações comerciais com o mercado indiano.

Os indianos têm se mostrado craques em promover o próprio país. No último Fórum Social de Davos, na Suíça, outdoors estampavam a frase “Índia inacreditável”. Nos últimos tempos, o ministro da Fazenda indiano, Palaniappan Chidambaram, tem repetido que ninguém hoje no mundo pode ignorá-los. O recado serve para o Brasil.