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Sadia fornecerá a Mc Donalds russo

<p>A empresa vai investir US$ 70 milhões na unidade de processamento de carne de frango e de carne suína no enclave russo de Kaliningrado.</p>

Redação (04/08/06)- Ainda digerindo os resultados ruins do primeiro semestre deste ano e a dupla recusa da Perdigão em vender o seu controle, a Sadia informou ontem que a fábrica que construirá na Rússia vai fornecer produtos processados de aves para a rede de fast food McDonald”s naquele país. Os detalhes da negociação ainda estão sendo acertados, de acordo com Luiz Murat, diretor de finanças da Sadia.

A empresa vai investir US$ 70 milhões na unidade de processamento de carne de frango e de carne suína no enclave russo de Kaliningrado, fornecendo produtos para o varejo e o food service na Rússia. A Sadia fez uma joint venture com a russa Miratorg, que terá 40% do capital da nova empresa.

Numa reunião para apresentação de resultados a analistas pouco concorrida e com poucas perguntas, Murat afirmou que espera uma recuperação nos resultados na segunda metade deste ano, mas reconheceu que não será possível repetir 2005, quando faturou R$ 8,3 bilhões e teve lucro de R$ 657,3 milhões. No primeiro semestre, a empresa faturou R$ 3,530 bilhões, 10,6% menos que em igual período de 2005 e teve lucro de R$ 84,5 milhões, recuo de 65,5% sobre os R$ 245,1 milhões dos primeiros seis meses de 2005.

“Passamos por uma crise profunda por causa da gripe aviária e do embargo russo”, disse Murat. Ele explicou que a chegada da gripe aviária à Europa e África reduziu a demanda por carne de frango, por isso foi necessário redirecionar parte da produção para o mercado interno. O mesmo aconteceu com a carne suína, cujas vendas foram afetadas pelo embargo russo por causa da aftosa. Nos dois casos, disse, houve excesso de oferta num mercado com pouca demanda, o que corroeu os preços.

O resultado foi uma margem bruta de 20,6% no segundo trimestre contra 29,6% no fim de 2005. A margem líquida também caiu expressivamente, e foi de apenas 1,1% no segundo trimestre deste ano, contra 11,9% no quatro trimestre de 2005.

Mas, segundo Murat, “já há uma inversão de resultados em andamento”. Ele afirmou que o mercado internacional atingiu o “fundo do poço” em março passado por causa da gripe aviária. Agora, os estoques de carne de frango já recuaram e os preços estão em recuperação. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, em julho, o preço médio do frango in natura no mercado externo ficou em US$ 1.094 por tonelada, ainda 8,6% abaixo de igual mês de 2005, mas acima dos US$ 1.083 por tonelada, média de junho deste ano.

A queda nas vendas ao mercado internacional, o que derrubou o faturamento com os embarques em 25%, para R$ 1,479 bilhão no primeiro semestre, elevou os estoques da Sadia. Segundo Murat, os estoques (em diversos estágios de produção) equivaliam no fim do semestre a R$ 1,2 bilhão, R$ 200 milhões acima do “padrão”.

A expectativa é que a desova dos estoques comece neste semestre, com a retomada da demanda por carne de frango e com a expectativa de que a Rússia coloque fim ao embargo à Santa Catarina. “As máquinas vão voltar a operar cheias muito em breve”, disse Murat.