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"Sadia real" tenta espantar o fantasma dos derivativos

<p>A companhia está bem operacionalmente e prestes a colocar cinco novas fábricas em atividade.</p>

Redação (22/10/2008)- Uma pequena babel. É o que parece o estande da Sadia no Sial. Inglês, russo, árabe, francês, português, espanhol. Gente que fala de negócios e de futuro. Nada muito diferente do que se viu em edições anteriores do evento francês ou de outras feiras internacionais gigantes, como a de Anuga, na Alemanha. Mas, desta vez, além da crise global, que domina as conversas, muitos dos clientes da Sadia têm uma questão nova: como está a empresa depois do problema financeiro que a levou a perder R$ 760 milhões? 

O presidente executivo, Gilberto Tomazoni, responde que a companhia está bem operacionalmente e prestes a colocar cinco novas fábricas em atividade – acaba de inaugurar a planta de Toledo (PR), que havia sido destruída num incêndio. "Com essas novas fábricas, o crescimento do ano que vem está dado" , repete ao Valor. Questionado por um cliente russo diante da reportagem, Tomazoni também garante que o crédito dos bancos não secou por conta do episódio. 

Após um mês tentando explicar aos investidores e ao mercado o que gerou as perdas – a empresa alega que operações com derivativos de dólar que extrapolaram os limites permitidos de exposição foram feitas sem o conhecimento do conselho de administração -, Tomazoni quer falar sobre o que chama de "Sadia real". "Essa é a Sadia real, aquela era a financeira, vamos dizer". 

"Essa" não foi abalada por "aquela", diz. E assim deve continuar, dependendo das decisões que a empresa tomar para sanar o rombo de R$ 760 milhões. "Se [a perda] tiver algum efeito, será no médio prazo, mas temos tempo para equacionar [o problema]", afirma, sem apontar quais medidas podem ser tomadas. O que já está decidido é um freio nos investimentos, com desaceleração em bovinos e na ampliação na produção de suínos e com o adiamento da construção de fábrica de processados nos Emirados Árabes Unidos. 

A Sadia real, continua, enfrenta até falta de mercadoria para exportar, tamanha a demanda. Além disso, afirma Tomazoni, pesquisas informais feitas por agências de publicidade que trabalham para a empresa mostraram que a percepção do consumidor em relação a seus produtos nada mudou. 

Assim como mostra otimismo com o futuro, apesar de tantas perguntas ainda não respondidas – e auditorias internas em curso -, o presidente executivo também está confiante que a crise financeira internacional não abalará fortemente o setor de alimentos. "O ponto central é o emprego. Se conseguir manter, estaremos bem".