O Brasil entra hoje (24) oficialmente no mercado chinês de carne de suíno. A Seara Alimentos, empresa do Grupo Marfrig, fará o primeiro embarque de carne suína brasileira à China. Lotes de cortes de pernil, paleta, barriga e copa suína terão por destino o Porto de Xangai – considerado o mais ativo do mundo em toneladas transportadas – e serão comercializados no mercado local por um distribuidor especializado. Produzidos no Complexo Agroindustrial Seara Itapiranga (SC), os produtos exportados para a China representam um marco na suinocultura brasileira.
“Todo o nosso complexo sistema produtivo foi analisado e testado pelas autoridades chinesas e brasileiras, incluindo o dos nossos produtores integrados. Conseguimos comprovar que o nosso processo é seguro, de alta qualidade e rastreabilidade total”, comemora Mayr Bonassi, diretor-geral da Seara. Mesmo sem fazer projeções, Mayr informa que os volumes são interessantes e devem crescer ainda mais.
A China importava apenas carne bovina e de frango do Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura, desde 2008, a China é a maior compradora de produtos agropecuários brasileiros e aumentou suas compras em 214% nos últimos três anos (US$ 3,5 bilhões em 2007 para US$ 11 bilhões em 2010). O Brasil aguarda a habilitação de mais seis unidades, sendo duas da Seara, para exportar carne suína para a China.
Aurora – Outra empresa que se prepara para embarcar carne suína para os chineses é a Coopercentral Aurora (Aurora Alimentos) também de Santa Catarina. O primeiro lote deverá seguir em janeiro. O Brasil recebeu o aval dos chineses em abril, com a habilitação de três unidades fabris: Seara/Marfrig, de Itapiranga (SC); BRF Brasil Foods, de Rio Verde (GO), e Aurora.
A Aurora não detalhou o volume ou os produtos a serem embarcados para a China, mas disse estar otimista com as vendas ao país. A China consumia a carne brasileira por meio de importações feitas por Hong Kong, que repassa o produto aos chineses. Em 2009, o mercado chinês passou a comprar diretamente frango.
“Isso é bom para os dois países. Para a China, porque vai comprar sem atravessador, a preço menor. E para o Brasil, porque poderá incrementar as vendas, oferecer cortes mais nobres e entrar num país com população de renda emergente que certamente aumentará seu consumo de carne progressivamente nas próximas décadas”, declarou o presidente da Aurora, Mário Lanznaster, na nota. Segundo ele, o consumo da carne de frango confirma essa expectativa: em 2009, a China importou do Brasil 20 mil toneladas e, em 2010, 120 mil toneladas.
Em 2010, a Aurora vendeu US$ 30 milhões ou 12,5 mil toneladas em produtos de frango (asa, inteira e em porções, e pé de frango) neste ano e espera incrementar as vendas àquele país em 2012 com o início dos embarques de carne suína.
Em abril, foi firmado um acordo que autoriza, inicialmente, os três frigoríficos brasileiros a exportar à China. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, disse recentemente ao DCI que a expectativa é embarcar neste primeiro ano cerca de 50 mil toneladas.
De acordo com relatório de setembro do USDA, a previsão é que os chineses consumam mais de 51 milhões de toneladas de carne suína em 2012, aumento de quase 4% se comparado com o montante estimado para este ano, de 49,7 milhões de toneladas.
A Cooperativa Aurora, que já mantém negócios com os chineses para a venda de carne de ave, tem expectativa de ampliar os negócios com o país asiático. “Nós estamos trabalhando nesse projeto da produção de suínos para a China, e a Aurora estará com uma produção apta a ser exportada no primeiro mês de 2012. Nós já exportamos carne de frango para eles, temos os canais e os clientes para fazer isso”, garantiu o diretor de Exportações da empresa, Dilvo Casagranda.
A principal razão para postergar o primeiro negócio com a China são as exigências de processo produtivo que aquele país requer: para eles o mais importante é a questão da rastreabilidade.
A Aurora preparou algumas unidades produtoras para se adaptarem e atenderem às exigências chinesas. E algumas entre elas terão produção exclusiva para a China.
A China é responsável por metade da demanda de carne suína do mundo, o que, consequentemente, a torna o maior consumidor do produto no planeta. Entretanto, praticamente todo o consumo é suprido pela produção local, sendo importadas cerca de 480 mil toneladas.