Segmento diretamente afetado pela atividade clandestina no setor de abate de carnes, a indústria frigorífica de Mato Grosso entende que medidas voltadas para inibir a prática dos matadouros podem diminuir a concorrência desleal e reduzir a informalidade neste setor. “Se a atividade for legalizada, todos saem ganhando e a população tem uma garantia de que está consumindo um produto de boa qualidade”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas Martins.
De acordo com as estatísticas, 95% da carne abatida pelos frigoríficos vão para outras regiões do país – sendo parte destinada às exportações – e apenas cerca de 5% ficam na região para o consumo doméstico/local.
Freitas acredita que com a conscientização não apenas dos criadores, mas também do próprio consumidor, a tendência é de que os abates clandestinos venham a diminuir.
Segundo ele, a compra de carne que anteriormente era realizada em açougues, atualmente está mais comum nos supermercados. “Eles geralmente comercializam carne de grandes frigoríficos, o que descarta a chance de haver produtos de animais abatidos clandestinamente, deixando o consumidor mais seguro quanto ao produto que está levando pra casa”, afirmou.
Outra medida que, na opinião do Sindifrigo, deve inibir a informalidade é a aprovação da Lei 12.058/09, que suspende o pagamento da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidente sobre a receita bruta da venda de produtos derivados de carne bovina no mercado interno. “A desoneração da carne bovina para o mercado interno representa um passo importantíssimo para a formalização total do setor, estimulando o fim da informalidade que ainda existe na cadeia frigorífica”, disse Martins.
Mato Grosso abate cerca de 4 milhões de cabeças por ano, com uma movimentação estimada de R$ 4 bilhões. As operações internas respondem por 75% deste total, R$ 3 bilhões. Além de beneficiar frigoríficos, produtores e consumidores, a medida ainda formaliza as negociações entre o produtor e o frigorífico.
O setor entende também que a medida irá coibir a prática ilegal. “Não vamos ter mais o abate clandestino e a carne será inspecionada. A medida dará garantias ao consumidor”. Martins acredita que com a redução da clandestinidade, esses frigoríficos vão procurar os serviços de inspeção, garantindo produtos de maior qualidade na mesa do consumidor.
Segundo informações, cerca de 60% dos bovinos abatidos anualmente no Brasil são oriundos da clandestinidade, o que implica em um grave problema sanitário para os consumidores de carne bovina.