A forte crise que castiga o setor suinícola levou produtores e empresários a Brasília (DF). Representantes de vários setores da suinocultura brasileira se reuniram ontem (18/08) com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para expor o momento complicado que estão enfrentando e pedir apoio do governo.
Em dificuldades desde o início do ano, os suinocultores estão hoje pagando para produzir. Em praticamente todas as regiões produtoras do País, os custos de produção são maiores do que o preço recebido pelo suíno. Projeção da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) estima em cerca de R$ 700 milhões as dívidas vencidas e a vencer dos produtores.
Stephanes se mostrou a par das dificuldades do setor. “Na área agropecuária, hoje, a suinocultura é o setor que apresenta o maior nível de problemas”, afirmou o ministro. Para Stephanes, o excesso de produção fez com que os preços caíssem muito, o que é agravado com o número pequeno de compradores, que diminui a concorrência.
Para tentar sair dessa situação desconfortável, o setor pediu a renegociação das dívidas, uma nova linha de crédito para retenção de matrizes suínas no valor de R$ 500 por animal até o limite de R$ 500 mil por suinocultor, a inclusão dos produtores no Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) do governo federal, além de campanhas de incentivo ao consumo da carne suína.
Stephanes disse que todas essas questões serão levadas à área econômica em reunião a ser realizada até quinta-feira (20/08), mas adiantou que há uma dificuldade na adoção de um preço mínimo para a suinocultura e que não vê, a curto prazo, como aumentar o mercado consumidor da carne suína.
“Efetivamente que temos problemas seríssimos e, infelizmente, alguns produtores vão quebrar, mas temos que tentar adotar medidas que evitem ao máximo esses impactos”, afirmou.
Câmbio – O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, disse que, além do excesso de oferta no mercado, outro grande problema é a valorização do real em relação ao dólar.
Segundo Camargo Neto, o câmbio vem prejudicando as exportações suinícolas brasileiras. Ele explica que mesmo com os baixos preços praticados no mercado interno, as exportações perdem competitividade com a atual relação cambial. “O governo não se mexe nessa política cambial, diz que não tem saída, mas certamente tem o que fazer. Se não fossem o Banco Central e a Febraban [Federação Brasileira de Bancos] mandando no País, já tinham arrumado uma solução para o câmbio. É muito difícil. Acho que com esse câmbio vamos morrer todos”, observou Camargo Neto.
O deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), vice-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, contou que ficou acertada uma reunião, coordenada pelo Ministério da Agricultura, com representantes do Banco do Brasil, do Ministério da Fazenda e da Febraban para analisar a rolagem das dívidas dos suinocultores.
“São mais de 60 mil famílias que dependem diretamente da criação desses animais. O débito levantado apenas pela Região Sul chega, hoje, a R$ 430 milhões.”
Com informações da Agência Brasil