Mesmo com a atividade suinicola mudando seus princípios e meios de produção não há noticia do campo econômico que detém maior repercussão que o preço pago pelo quilo do suíno vivo comercializado. Tanto para cima ou para baixo, valores pagos são sempre tema de repercussão, mesmo que não mais que 30% dos suínos comercializados em Santa Catarina, por exemplo, tenha como base esta referência mercadológica.
O que acontece neste momento é uma mudança de domínio daqueles que, em relação ao mercado, passam a dar as cartas do jogo. Até então a regra era: se quiser carregar, pago “X”. Hoje passa a ser: se quiser animais, quero “Y”.
Não há como contestar o direito ou até dever de cada um em buscar, antes de qualquer coisa, sua sobrevivência já um tanto abalada. Porém, é evidente que neste cenário ninguém sobrevive. A cada dia mais pessoas ou empresas buscam e prezam por um bom modelo de “parceria” e deixam de ganhar bem mais – quando o mercado está em alta – para perder bem menos quando o mercado está em baixa.
É neste cenário que, há alguns anos, nasceu e se fortaleceu o modelo verticalizado da grande agroindústria, onde existe a necessidade de se ter animais com peso e com a quantidade que o mercado exige e produtores que querem ter a certeza do comercialização e recebimento pelo seu trabalho. Guardada as devidas proporções e a falta de relacionamento justo entre as partes, é isso que indústria e produtor procuram: um modelo capaz de sustentar a atividade.
Há inclusive na Câmara e no Senado Federal um Projeto de lei para regulamentar esta relação jurídica entre produtor integrado e agroindústria, porém cabe aos que representam não mais que 20% do setor produtivo – que ainda estão neste modelo autônomo – buscar juntamente com seus clientes frigoríficos uma relação de parceria. Até a poucos dias tínhamos dificuldade em comercializar animais, hoje as pequenas plantas estão com dificuldades de encontrá-los.
Continuo a sonhar e mais que isso, trabalhar para um modelo diferenciado. Criticar modelos é fácil, difícil é implantar um modelo mais justo. Acredito que estamos muito próximos disso, existe sensibilidade até pelo alto grau de investimento e fragilidade de quem tem a produção, mas depende da indústria para chegar ao consumidor. E quem tem indústria precisa dos animais que estão de posse do produtor. Esta aproximação tem sido fruto da necessidade e da dificuldade, porém este é o equilíbrio em que o INCS tem buscado, trabalhado e que em breve trará os primeiros resultados.