Da Redação 07/08/2003 – A Seara sofreu no primeiro semestre deste ano com a suspensão das vendas de suínos para a Rússia. O lucro líquido da companhia caiu 48,5% no período, para R$ 13,3 milhões. Porém, os reflexos da paralisação dessas exportações foram sentidos mais na linha financeira do balanço do que nos indicadores operacionais. Prova disso foi o crescimento de 21,6% no faturamento líquido, que alcançou R$ 850,7 milhões nos seis primeiros meses do ano.
Segundo o diretor financeiro, Ivo Dreher, a Seara conseguiu compensar a redução nas vendas internacionais de carne suína com aumento no segmento de aves. Parte da produção de aves foi redirecionada do mercado doméstico para o externo, que oferece mais rentabilidade. Além disso, a empresa elevou as vendas de produtos com maior valor agregado internamente.
Essa combinação permitiu, de acordo com o executivo, que mesmo com o aumento nos custos de produção – alta de cerca de 55% no milho, em relação ao primeiro semestre de 2002 – a companhia tivesse uma redução pequena da lucratividade. A margem bruta ficou em 25,5% entre janeiro e junho deste ano, ante 27,3% no mesmo período do ano passado.
A Seara esteve impossibilitada de vender suínos para a Rússia do começo do ano até o fim de maio, por causa da suspensão da importação de carnes de Santa Catarina em razão da doença de Aujesky em algumas propriedades do Estado. A doença não é nociva para o homem, mas causa problemas na reprodução dos animais. Apesar dessa perda, as vendas totais recuaram apenas 3,8%, para 268,9 mil toneladas até junho.
No mercado doméstico, ressaltou Dreher, a Seara está colhendo resultados da reformulação da linha de processados iniciada no ano passado. As vendas do segmento cresceram 9,2% no segundo trimestre. “A Seara está priorizando rentabilidade em vez de volumes”, disse o executivo.
Apesar de o problema de Aujesky ter sido superado nas linhas operacionais da companhia, os efeitos sobre o resultado financeiro foram inevitáveis. Dreher explicou que os estoques foram elevados no período, por causa da impossibilidade de venda, o que prejudicou o capital de giro.
Com isso, a dívida líquida da Seara subiu 19%, para R$ 484,9 milhões. Esse efeito fez com que a perda financeira no balanço alcançasse R$ 24,4 milhões, ante R$ 7,7 milhões no primeiro semestre do ano passado. Apesar desse desempenho nos seis primeiros meses do ano, o diretor da companhia ressaltou que as dívidas devem mostrar “razoável” queda até o fim do ano com o desmonte dos estoques, já que as vendas de suínos estão se normalizando.