A incorporação de tecnologia ao campo tende a ser uma necessidade cada vez mais frequente para que os produtores rurais, por exemplo, possam lidar com as variações climáticas no mundo e tomar as decisões corretas na gestão das suas atividades. Desta forma, a irrigação, o plantio direto na palha, a fixação biológica de nitrogênio, investimentos em pesquisa e inovação, além do uso de aplicativos e drones na lavoura para acompanhar o andamento da produção são alguns dos métodos que devem ser intensificados no meio rural para mitigar os efeitos negativos do aumento da temperatura do planeta sobre a agropecuária.
Estas e outras ferramentas foram discutidas, nesta quarta-feira (19/10), no 2º Diálogo Agrícola Brasil-Estados Unidos, na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. A segunda edição do evento teve como tema “O Futuro da Agricultura: Cultivando com Inteligência” e reuniu especialistas brasileiros e americanos para debater propostas e compartilhar experiências bem sucedidas de ferramentas já aplicadas nas propriedades para dar mais eficiência à produção. “Ouvimos aqui muita ciência, muita pesquisa e isso passa pelo produtor rural”, disse o vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner.
“Os produtores brasileiros e americanos têm muitas coisas em comum e temos todas as condições de trabalhar em conjunto para discutir propostas mais eficientes”, destacou Clay Hamilton, ministro conselheiro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que promoveu os debates junto com a CNA. Ele participou de um dos painéis que abordou a desmistificação do uso de tecnologia no campo, juntamente com o pecuarista leiteiro Eloir Lohmann e o presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos.
O papel das tecnologias frente às incertezas climáticas foi outro tema abordado no encontro. O chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo Miranda, defendeu o maior uso da irrigação no país, mas criticou as dificuldades impostas pela legislação, que impedem os produtores de armazenar água em suas propriedades para a atividade irrigada, o que permitira um uso mais racional dos recursos hídricos. Já o professor Charles Rice, da Universidade de Kansas (EUA), alertou que um dos principais problemas a ser enfrentado pelos produtores não é apenas o aumento de temperatura, mas a variabilidade climática.
No cenário da inovação, o professor Marcos Fava Neves, da Faculdade de Economia Agrícola da Universidade de São Paulo (FEA-USP), mediou discussão sobre empresas, no setor agropecuário, que estão entrando no mercado com alguma ideia inovadora em tecnologia, as chamadas startups. Maycon David Stahelin, analista do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), apresentou o programa InovAtiva, coordenado por ele, que incentiva a criação de startups e a formação de uma rede de empresas neste segmento. Os executivos Cláudio Notini e Mariana Vasconcelos falaram sobre aplicativos utilizados na pecuária.
O uso de bancos de dados na agropecuária também foi debatido no evento. A diretora sênior da American Farm Bureau Federation, Mary Kay Thatcher, afirmou que Informações consolidadas e confiáveis são fundamentais para auxiliar produtores rurais na tomada de decisões. Os executivos Mateus Barros e Fernando Martins também abordaram o tema, dentro da perspectiva de monitoramento do clima.