No agronegócio, nos últimos tempos, muito se tem ouvido falar sobre transformação digital. Para a maioria, esse termo significa transformação de um processo analógico para um processo digital, ou adoção de tecnologias em processos. Alguns, ainda, acreditam que transformação digital é inovação.
Baseando-se nesses conceitos, muitas empresas do agronegócio estão em busca de projetos digitais que permitam a transformação dos modelos de negócio, com adoção de novas tecnologias no campo, garantindo assim a sua competividade. Essa corrida desenfreada assusta os colaboradores das empresas, os produtores e integrados no campo, levando-os a pensar que o seu trabalho será substituído pela tecnologia, quando, na verdade, eles não percebem que esse trabalho é essencial no processo de transformação digital.
O problema destes conceitos é o foco estar no termo “digital” e não na primeira palavra que é “transformação”.
Embora o agronegócio seja considerado um dos mais conservadores, no qual a aplicação de tecnologias é mais recente do que em outras indústrias, como a automobilística, por exemplo, não podemos negar que já temos vivido um revolução tecnológica incrível no campo. De sensores a robótica, do uso da inteligência artificial no monitoramento de lavouras a predição de peso de abate de animais, dos processos de gestão da produção e identificação de animais entre outros. Estima-se que hoje temos, aproximadamente, 300 startups de tecnologia com soluções para o agronegócio no Brasil, as chamadas AgTechs ( https://www.agtechgarage.com/censo/ ).
Sem dúvida, há no mercado uma gama de soluções tecnológicas com o objetivo de melhorar a produtividade e rentabilidade no campo. No entanto, não podemos nos negligenciar do fato de que a transformação digital vai além do “digital”, é uma transformação que envolve pessoas.
Parafraseando alguns escritores “Transformação digital não é sobre tecnologia, é sobre pessoas!”. Essa frase valida muito o meu dia a dia de trabalho. Cada vez fico mais convencida de que o sucesso da transformação digital no campo começa pelas pessoas, pela motivação de cada um em fazer diferente e com qualidade. De abrir mão de crenças e de tradições familiares para aplicar algo inovador na produção animal.
O “digital é apenas a digitalização daquilo que já conhecíamos e já fazíamos. Mas a verdadeira transformação vem da mudança de comportamento, da forma de liderar, da motivação dos trabalhadores por meio da aplicação de tecnologias. Essas transformação produz o empoderamento dos profissionais do campo, que muitas vezes se acham simples demais para utilizar um tecnologia que parece tão complexa, mas quando abraçam a mudança, “compram a ideia”, e percebem que são capazes de fazer muito mais do que imaginavam.
A adoção de tecnologia vai além de maior produtividade e rentabilidade dos negócios, ela traz qualidade de vida para o produtor no campo. Permite gastar menos tempo e esforço em tarefas manuais, “braçais” e mais tempo interagindo com pessoas. É uma mudança de habilidades cognitivas para habilidades sociais.
Acredito que, por essa falta de entendimento do real conceito de transformação digital é que ainda temos pouca aplicação de tecnologias no agronegócio, principalmente na produção animal latino-americana em nível de granja e fazenda. Queremos que os produtores adotem tecnologias, que implementem diversas soluções digitais com tantos benefícios para rentabilidade das empresas, mas esquecemos o essencial: PESSOAS.
Os desafios do agronegócio e a adoção das tecnologias que temos disponíveis exigem de nós um olhar diferente, uma disposição para transformar pessoas, mas, acima de tudo, disposição para sermos transformados.
Queremos marcar o ritmo dessa transformação? Temos que colocar pessoas em primeiro lugar.
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