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Agroindústrias

Trunfo da JBS

Maior competitividade dos Estados Unidos em carnes é trunfo do JBS, na avaliação de Wesley Mendonça Batista.

Países emergentes como o Brasil encontraram na última década um espaço importante para crescer no mercado externo com suas exportações de carnes, mas um concorrente de peso, os Estados Unidos, tenderá a ganhar competitividade internacional no setor nos próximos anos em função de um dólar desvalorizado frente a outras moedas.
A avaliação foi feita por Wesley Mendonça Batista, presidente da JBS, a maior empresa global de carne bovina e a segunda em carne de frango, que tem hoje nos EUA grande parte do seu faturamento.
Se o dólar é um fator a ser enfrentado pelas companhias exportadoras da América do Sul, beneficiará ironicamente a unidade norte-americana da empresa brasileira, que nos últimos anos encontrou ótimas oportunidades no mercado dos EUA e lá adquiriu dezenas de unidades de processamento de carnes, crescendo justamente a partir de uma base sul-americana.
“Com o tamanho do déficit americano, o dólar vai continuar enfraquecido comparado com outras moedas por muito tempo… Hoje nos Estados Unidos está tendo uma mudança substancial do ponto de vista da competitividade. Os Estados Unidos, nos próximos dez, vinte anos, vão voltar a competir com os emergentes ao redor do mundo em produção de commodities em todas essas áreas”, afirmou Batista, em entrevista ao Reuters Latin American Investment Summit.
As exportações de todo o JBS em 2010 atingiram 8,5 bilhões de dólares, tendo a China, o México, o Japão, a Rússia e a União Europeia como os principais compradores, de um total que supera cem nações. Com as unidades dos EUA, o JBS acessa países que não importam a carne brasileira, como Japão e Coreia, que ainda pagam mais pelo produto bovino.

Mas com a carne norte-americana ganhando competitividade a vida de empresas sul-americanas, incluindo do Brasil e da Argentina, possivelmente ficará mais difícil em grandes mercados, como a Rússia, que importa dos principais fornecedores.
Os mercados domésticos onde o JBS atua, especialmente o dos EUA, também são outra aposta da companhia, num momento em que o seu presidente acredita em uma retomada econômica norte-americana mais forte do que se imagina –os EUA são os maiores produtores e consumidores de carne bovina e de frango.
Embora a empresa conte com importantes atividades no Mercosul –de onde veio quase 25 por cento da receita líquida total de 55 bilhões de reais em 2010–, a operação nos EUA, que inclui unidades na Austrália, é fonte de todo o restante do faturamento, ou de um montante que superou 40 bilhões de reais no ano passado.
O POTENCIAL DO FRANGO – Da mesma forma que a entrada no mercado norte-americano foi um marco para o JBS, uma empresa fundada a partir de um pequeno abatedouro há quase 60 anos pelo patriarca José Batista Sobrinho, no embalo da fundação de Brasília, o ingresso do grupo no setor de carne de frango, com a Pilgrim’s Pride, preparou a companhia para atuar com o que muitos consideram a proteína animal do futuro, por apresentar maiores facilidades para a expansão da produção em meio à demanda crescente.
O próprio presidente da empresa, que começou e cresceu com foco em bovinos, admite que há uma “inabilidade” de aumentar a produção global de bois e vacas, uma situação semelhante enfrentada pelo setor de suínos.
“E aí é o lado positivo para aves, é a única carne que tem maior elasticidade pra produzir mais rápido, ocupa menos espaço, é um processo integrado”, afirmou ele, em entrevista realizada no escritório da Thomson Reuters, em São Paulo.
Além do mais, ele vê maiores condições, com o frango, de se repassar para a carne os crescentes custos das matérias-primas, como o milho.
“Porque a demanda no mundo é crescente e a produção (de proteínas) não é crescente, a gente acha que o frango vai ser capaz de repassar esse incremento nos custos de grãos para o produto final.”
Ele prevê que o milho no mercado dos EUA se sustente, nos próximos 12 meses, nos elevados patamares de 6 a 8 dólares por bushel. “Achamos que esse é o novo patamar de preço no mundo”, pelo forte crescimento do consumo de alimentos nos países emergentes, disse.