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Carne Suína

Uma nobre missão para a carne suína

<p>Ital e PUCC desenvolvem produtos processados a partir do fígado suíno para inclusão na merenda escolar. O objetivo é valer-se da composição nutricional da carne suína para combater a deficiência de ferro em alunos da rede pública de Campinas (SP).</p>

O instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) se uniu a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCC) para incluir a carne suína na merenda escolar.

O objetivo é valer-se da privilegiada composição nutricional da carne suína para combater a deficiência de ferro (anemia ferropriva) em alunos da rede pública de Campinas (SP).

O projeto prevê a utilização do fígado suíno para o desenvolvimento de produtos processados a serem incluídos no cardápio escolar. “Escolhemos a carne suína principalmente por sua riqueza nutritiva, mas também por suas características de palatabilidade”, explica Expedito Tadeu Facco Silveira, pesquisador do Ital e orientador do projeto.

Salsicha de fígado – Segundo Silveira, quatro produtos processados a partir do fígado foram desenvolvidos para o estudo. São eles: bolo de carne, empanados, salsicha e mistura fortificadora (um pó liofilizado que pode ser adicionado a outros alimentos). “Esses produtos têm diferentes concentrações de fígado e carne suína”, explica o pesquisador. ”Procuramos desenvolver produtos atraentes às crianças. Os empanados, por exemplo, terão formatos diferenciados como coração, meia-lua, triângulo”, afirma o pesquisador do Ital.

O projeto será realizado com recursos da linha “Políticas Públicas” da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e sua primeira fase está marcada para começar no início de outubro.

A inclusão dos produtos desenvolvidos pelo Ital e PUCC será feita na merenda de crianças com idade entre dois e seis anos, em escolas localizadas em bolsões de pobreza na cidade e Campinas (SP). “O objetivo do projeto é avaliar os efeitos da fortificação da dieta com o ferro fornecido por estas misturas fortificadoras em doses diárias”, explica Silveira. “Mas já sabemos que a abordagem dietética que emprega misturas fortificadoras, constitui em uma estratégia segura para combater a anemia ferropriva por garantir a oferta de quantidades moderadas do ferro acompanhadas de maior aporte de outros nutrientes igualmente importantes para a reversão da doença, como a vitamina B12”, completa. 

Para Valdomiro Ferreira Júnior, presidente da Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS), o projeto, além de nobre, pode ajudar a mudar o conceito da população sobre a carne suína. “Esse projeto traz benefícios para a formação de opinião sobre a carne suína”, afirma “O público do projeto é formado por crianças em fase de educação. Elas vão crescer sabendo que a carne suína, além de saborosa, é faz bem para a saúde. Assim poderão perceber o quanto são errados os preconceitos relacionados ao seu consumo”, avalia. Segundo Ferreira, com o sucesso do programa, a tendência é que ele seja implementado em outras escolas ajudando a difundir bons conceitos sobre a carne suína. 

Nobre missão – O projeto do Ital evidencia a importância da carne suína na nutrição humana. Do ponto de vista mineral, ela se distingue, sobretudo por seu teor zinco, selênio e ferro.  O teor de ferro dos miúdos de suíno aliás  -como é o caso do fígado -, é bem mais elevado, na ordem de 5 a 15 mg a cada 100 gramas.“O conteúdo de ferro na carne suína é bem melhor absorvido em comparação com as outras carnes, pois é composto de uma boa parte de ferro hemínico, ou seja mioglobina e hemoglobina”, afirma Michele Teixeira Silvério, aluna do curso de Farmácia da PUCC e uma das responsáveis pela execução do projeto. Trata-se da proteína ideal para combater a anemia ferropriva”, avalia.

A deficiência de ferro é o problema nutricional mais difundido no mundo e afeta, hoje, cerca de 20% da população mundial. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 2,15 milhões de crianças na idade pré-escolar estão em risco de deficiência em ferro. No Brasil a prevalência de anemia em crianças é da ordem de 20,9%.