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Agroindústria

Venda de ativos de logística ajuda Marfrig

Empresa de carnes e processados, Marfrig registrou lucro de R$ 15,5 milhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 91 milhões apurado no mesmo período do ano passado.

Venda de ativos de logística ajuda Marfrig

A Marfrig Alimentos reportou ontem (14) um lucro (atribuído aos sócios da empresa controladora) de R$ 15,5 milhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 91 milhões apurado no mesmo período do ano passado. A empresa de carnes e processados conseguiu ampliar em 11,7% suas vendas, para R$ 5,7 bilhões, reflexo do impacto do câmbio sobre as exportações e do aumento de preços no mercado interno. O Ebitda (lucro antes de juros, taxas, depreciação e amortização) cresceu 176,4%, para R$ 767,7 milhões, e a margem em relação ao Ebitda saltou de 5,2% para 13,2%

O resultado foi, em grande parte, influenciado pelo lucro com a venda dos ativos de logística da Keystone Foods (unidade de food service da companhia), em abril, por US$ 390 milhões. Sem essa receita extraordinária, a empresa teria registrado um Ebitda de R$ 460,8 milhões, ainda 59,6% maior do que o apurado um antes, mas a margem em relação ao Ebitda teria ficado estável em 7,9%.

Desconsideradas as receitas não recorrentes, a Marfrig teria apurado um prejuízo de R$ 245,85 milhões, um aumento de 158% em relação ao mesmo período do ano passado. As perdas devem-se ao resultado financeiro, que apresentou um rombo de R$ 853,25 milhões – quase quatro vezes maior do que o registrado um ano antes (R$ 227,29 milhões).

A maior parte desse prejuízo, R$ 513 milhões, foi atribuída à desvalorização do real, que pesou sobre a dívida da companhia. Cerca de 75% dos R$ 8,7 bilhões devidos pela Marfrig estão lastreados em moeda estrangeira. O presidente da companhia, Marcos Molina, minimizou a perda e ponderou que a variação do câmbio não tem efeito sobre o caixa da companhia. “Tem um impacto inicial, mas que vai desaparecer nos próximos trimestres”, afirmou.

Responsável por pouco mais de dois terços da receita total da Marfrig, a Seara Foods (divisão de aves, suínos e processados) gerou um Ebitda de R$ 239 milhões (descontado o ganho com a venda de ativos), um incremento de 58,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Já a margem em relação ao Ebitda evoluiu de 4,4% para 6,1%.

O resultado foi atribuído ao aumento da venda de processados, com maior valor agregado, no mercado interno. O segmento respondeu por 59,3% das vendas da divisão, um crescimento de 8,9 pontos percentuais na comparação anual. Com isso, o mercado interno passou a responder por 50,9% das vendas, ante 43,4% um ano antes. Diante da fraqueza do mercado externo, as receitas provenientes de exportação cresceram apenas 2,5% no período, sustentadas basicamente pelo dólar valorizado. “Os preços de exportação ainda estão US$ 200 a US$ 300 por tonelada abaixo do que a gente tinha há um ano”, observou Molina.

Segundo ele, a recente alta nos preços dos grãos (matéria-prima para a produção de rações) preocupa, mas deve ter um efeito limitado neste semestre. “Nossa maior exposição aos grãos está na operação brasileira da Seara Foods, que responde por 30% das receitas”, afirmou. Ele disse que a empresa vai tentar reajustar preços neste segundo semestre.

O executivo comemorou, no entanto, os resultados obtidos pela divisão de bovinos, a Marfrig Beef. No trimestre, o Ebitda da divisão cresceu 61,3%, para R$ 221,9 milhões, já descontado o lucro com a venda de ativos. Já a margem em relação ao Ebitda saltou de 7,4% para 11,7% na mesma comparação. A alta do dólar, que beneficiou as exportações, e a queda do preço do boi gordo no mercado interno garantiram o aumento das margens. “O cenário é muito positivo, e os bovinos devem ganhar participação nos negócios daqui para frente”, afirmou Molina.