Apesar de toda a insegurança gerada após a deflagração de operação da Polícia Federal em março, colocando em xeque a qualidade da carne produzida no país, as exportações de carne suína in natura mantiveram o bom desempenho obtido em 2016 e atingiram 294 mil toneladas no 1º semestre de 2017. De acordo com dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) o resultado é apenas 2,3% inferior as exportações do primeiro semestre de 2016 – melhor marca já atingida pelo país.
Destaca-se também o crescimento na arrecadação com as exportações de carne suína in natura, atualmente mais valorizada no mercado internacional. Segundo os dados do MDIC, no 1º semestre de 2017 o valor exportado foi de U$598,6 milhões, valor 29,9% superior aos U$460,6 milhões exportados no mesmo período de 2016.
A média das exportações de carne suína in natura dos últimos 3 semestres é de 307 mil toneladas, resultado expressivo que tem contribuído para desafogar o mercado interno que já sofria com o aumento do desemprego e queda na renda e agora deverá ter uma concorrência mais forte da carne bovina que está desvalorizada.
O diretor executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Nilo de Sá, explica que um dos principais fatores que contribuíram para a sustentação do preço do suíno vivo em 2016 e nos primeiros meses de 2017 foi o resultado das vendas de carne suína in natura para o mercado exterior. “Com exportações elevadas há uma menor disponibilidade interna, reduzindo a oferta e consequentemente criando uma tendência de alta no preço do suíno vivo”.
Mercado Interno
O preço médio do suíno vivo de janeiro a maio de 2017, em São Paulo foi 27,7% superior ao observado no mesmo período do ano anterior. As exportações no final de 2016 e início de 2017 fizeram com que o preço tivesse um comportamento inverso ao usual, subindo no começo do ano e surpreendentemente em fevereiro chegou a superar – pela 2ª vez na história – os R$5,00/kg.
De acordo com o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, os preços mantiveram-se firmes e superiores aos praticados em 2016 até junho, quando foram influenciados por 2 meses de queda nas exportações (abril e maio) e cederam consistentemente. Em julho, o preço praticado em São Paulo foi 15% inferior à média anual e 9% menor que junho/16.
“Historicamente o mercado interno no 2º semestre tende a ser melhor, motivado por um maior volume exportado e maior consumo interno. Julho inicia-se com registros de aumento de preços, mostrando que a tendência deve se repetir em 2017”, comenta Lopes.
Com a baixa do preço do milho, comparado a 2016, a relação de troca suíno: milho vem se mantendo superior a 1:8, mesmo com a recente redução do preço do suíno. Os custos de produção irão se manter em patamares normais durante 2017 e tendem a ser estáveis em 2018, quando iniciar o ano com mais de 20 milhões de toneladas de milho de estoque de passagem. Segundo o presidente da ABCS, 2017 vem se confirmando com um período de recuperação, após a forte e súbita crise de 2016.