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Vendas diversificadas

Cocamar deve faturar R$ 1,2 bilhões neste ano e investe em algodão, álcool, ração e frango

 Redação AI 19/10/2004 – A direção da Cocamar aprovou, na semana passada, um projeto de R$ 5 milhões para modernizar sua fábrica de fios de algodão. Foi apenas uma das decisões que terão de ser tomadas nos próximos meses pela cooperativa paranaense, que reúne cerca de 7 mil produtores do norte e noroeste do Estado e está entre as cinco maiores do país. Com um parque industrial operando próximo do limite, outros investimentos estão em execução ou estudo. Alguns em área em que o grupo já atua, como processamento de soja, cana e suco de laranja. Outros em novos segmentos, como ração e aves de corte. E, paralelamente estão sendo desenvolvidos mais produtos de varejo, voltados ao consumidor final, que em 2004 deverão responder por 20% de um faturamento previsto em R$ 1,245 bilhão, 23,5% mais que em 2003 (R$ 1,008 bilhão).

“Diversificar a atuação faz parte da nossa história e temos apoiado nosso crescimento em diversas frentes”, diz o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, de 62 anos. Ele assumiu o cargo em 1990 e, de lá para cá, liderou profunda reestruturação para sanear a cooperativa, que chegou a acumular dívida de R$ 230 milhões. Hoje, o passivo soma R$ 160 milhões, mas com prazo de pagamento de 16 anos. Em 1990 a Cocamar tinha 4,3 mil trabalhadores, número que chegou a cair pela metade e hoje é está em 3,3 mil. “O cooperativismo era paternalista e a cooperativa estava inchada”. Mesmo antes de ter a situação totalmente controlada, novas apostas tiveram de ser feitas. Uma delas foi o aproveitamento do solo arenoso da vizinhança para o plantio de soja, com ajuda de tecnologia desenvolvida pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

Após estudos e experiências, a área que corria o risco de virar deserto hoje é vista como a nova fronteira agrícola do Estado. É ali que se dará o aumento de 8,6% da área de plantio de soja dos cooperados da Cocamar na safra que está começando, a 2004/05. Ao todo, deverão ser plantados na região 365,6 mil hectares, sendo 166,3 mil hectares no chamado “areião”.

Quanto mais grãos forem produzidos pelos associados, melhor para a cooperativa, que industrializa toda a soja que recebe. O esmagamento começou em 1979 e hoje a Cocamar vende óleo com sua marca nos grandes supermercados do país. O aumento da capacidade de refino, de 300 mil litros por dia, está previsto para 2005. Outra unidade que passará a produzir mais é a de sucos e bebidas à base de soja, que atende produção própria e de terceiros – caso da Bunge Alimentos. A capacidade é de 1 milhão de litros por turno de trabalho, e o segundo turno deverá ser iniciado até dezembro.

Quando questionado sobre quais segmentos deverão crescer mais, o superintendente comercial e industrial da Cocamar, Celso Carlos dos Santos Júnior, diz que caminhos estratégicos ainda estão sendo traçados. Mas ele não esconde o gosto pelo desafio de colocar a Cocamar nas prateleiras dos supermercados. Cita, como exemplo, o suco Putiry, lançado em 2003 e que conquistou 12% das vendas no interior paulista em seis meses.

Outra área considerada estratégica é a de álcool, para a qual a cooperativa aguarda liberação de financiamento de R$ 10 milhões para elevar a oferta de cana, hoje de 750 mil toneladas por ano, para 1 milhão. Aumentar a produção de açúcar e álcool – neste caso a idéia é passar de 45 milhões de litros para 60 milhões – faz parte de um projeto tocado com o governo do Paraná e que terá recursos do BNDES. O grupo já usa bagaço de cana na geração de vapor em suas unidades, e quer produzir energia térmica para vender no mercado.

A Cocamar também tem planos para o frango, que tem no Paraná o maior produtor do país. Quatro cooperativas locais já atuam no setor (Coopacol, Coopavel, C-Vale e Lar) e a Copagril anunciou que também entrará no ramo, e a Cocamar entrará aos poucos. Em 2005, o grupo deverá inaugurar uma fábrica de ração, que receberá aporte de R$ 3 milhões. Lourenço diz que atuar é inevitável, mas a maior preocupação envolve as questões sanitárias. “Estamos analisando com cuidado porque uma doença pode pôr todo o plano a perder”, observa Santos Júnior.

Hoje, 87% de todos os produtos recebidos pela Cocamar são industrializados. E, no caso dos grãos, enquanto os planos de ampliação não são concluídos, a cooperativa estuda reduzir a produção para terceiros. Lourenço conta que 25% da capacidade da indústria está cedida para outra cooperativa, a Coamo, que processa café e óleo.