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Aniversário de Prata

Suinocultura Industrial comemora 25 anos de circulação trazendo sempre informações técnicas e de interesse para o setor.

Redação SI (Edição 166/2003) – Em agosto de 1977, era dado o primeiro passo para o que depois viria a se tornar a revista Suinocultura Industrial. Neste mês, o setor suinícola ganhava um espaço próprio para discutir temas de seu interesse e apresentar as principais novidades tecnológicas a ele destinadas. A novidade estava estampada na capa da revista Avicultura Industrial, que naquele mês passou a incorporar também a palavra suinocultura no nome e a trazer um caderno especial sobre a atividade.

O setor suinícola se industrializava e buscava se profissionalizar, naquela época. A abertura deste canal de comunicação entre produtores, empresas e pesquisadores contribuiu para desencadear este processo. Naquele momento, o setor ainda não possuía uma fonte para disseminar informações especializadas entre todos os componentes de sua cadeia produtiva, o que foi canalizado inicialmente pelo encarte, depois pela revista.

O início
O embrião deste projeto estava na extinta revista Atualidades Veterinárias, que também era editada pela Gessulli Agribusiness (na época ainda com o nome de Editora CQ Ltda.- Chácaras e Quintais). Nela havia uma seção intitulada Suinocultura Industrial, publicada com apoio da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), a qual destacava principalmente artigos técnicos sobre doenças que afetavam estes animais. Esta seção foi extinta em 1976, quando a revista se fundiu a outra publicação da editora, a Atualidades Agroeconômicas, dando origem à revista Atualidades Agroveterinárias.

Os editores perceberam a enorme lacuna deixada com o final deste caderno e procuraram identificar qual de suas publicações poderia agregá-lo com maior sucesso. A escolha recaiu sobre a Avicultura Industrial. Pesquisas feitas pela editora apontavam que a suinocultura estava se tornando a segunda atividade de muitos avicultores, e, em alguns casos, até suplantando a atividade avícola em importância para sua propriedade. A tendência não era percebida apenas no Brasil, mas sim em diversos países, onde empresas avícolas se dedicavam com igual importância à atividade suinícola.

Estas informações também foram fundamentais para a mudança de nome da revista, que passou a se chamar Avicultura e Suinocultura Industrial, incorporando os dois segmentos, que seriam os futuros pilares para a consolidação da agroindústria brasileira. O caderno recebeu um perfil mais amplo que sua versão embrionária. Ele trazia artigos técnicos sobre os mais diversos temas relacionados à produção de suínos, notícias sobre a atividade no País e no mundo, além de destacar os novos produtos que chegavam ao mercado.

A possibilidade de sucesso ou não do caderno iria depender do retorno dado por leitores, colaboradores e anunciantes. Em seu editorial de estréia, deixou-se claro que a publicação seria moldada a partir das sugestões e críticas que recebesse, acenando também para o seu futuro. “Talvez, futuramente, este caderno poderia vir a se transformar em uma revista específica sobre suinocultura”, escreveram os seus editores na época.

Acompanhando a suinocultura
O fato profetizado não demorou para se realizar. A boa acolhida que o caderno recebeu levou a Gessulli a criar em janeiro de 1979, menos de um ano e meio depois do seu lançamento, uma revista própria para o setor suinícola, a Suinocultura Industrial, publicada bimestralmente. Naquele ano ainda se vivia os resquícios do surto de Peste Suína Africana (PSA) no Brasil (Veja matéria nesta edição) e a revista era a responsável por transmitir informações técnicas e precisas ao suinocultor, que se viu no meio de um turbilhão, com quedas de preço, consumo e o fim das exportações.

As vendas externas voltariam em 1984, quando foram embarcadas 6,2 toneladas de carne suína, mas o setor entraria em crise em 1987. Um ano antes, a implantação do Plano Cruzado aqueceu a economia e os suinocultores investiram na produção acreditando no aumento da demanda. Porém, o ano seguinte se mostrou um desastre para o setor. No início de 1987, chegaram ao mercado brasileiro as 75 mil toneladas de carne suína importadas no segundo semestre de 1986. A medida do governo ajudou a desestabilizar o setor que teve em 1987 uma queda de consumo causada pela perda de poder aquisitivo do brasileiro.

Em 1988, o resultado dos investimentos de 1986 provocaram uma superoferta de suínos no mercado, que ainda registrava recesso de consumo. Dados da ABCS indicam que 30% dos suinocultores abandonaram a atividade naquele ano. Os que ficaram, diminuíram em 20% os seus plantéis. A crise afetou a revista, que voltou a dividir espaço com a avicultura numa única publicação. De abril de 1989 até abril de 1995 a revista voltou a circular como Avicultura e Suinocultura Industrial.

Corpo próprio
Em maio de 1995, as duas publicações voltam a se separar e a trilhar novamente seus próprios caminhos. Naquele ano o consumo per capita da carne suína no Brasil finalmente ultrapassou a casa dos 7 quilos, na qual oscilava desde 1986, chegando a 8,6, de acordo com dados da ABCS. Mas o ano foi de baixa rentabilidade para o setor, fato que deveria se agravar nos próximos anos.

Em 1997, a Gessulli novamente altera a periodicidade de sua revista, passando a ser trimestral. Apesar das expectativas boas para este ano, o mercado editorial estava em recesso devido às constantes crises pela qual vinha passando a atividade. Mas já em 1998, a Suinocultura Industrial voltava a ser editada bimestralmente. Em 2002, uma nova alteração em sua periodicidade, só que desta vez reduzindo seu período de circulação de 60 dias para 45 dias, ampliando suas edições de sete para nove ao ano. A alteração procurou atender ao novo momento da atividade, cuja informação pedia maior rapidez, pois se transformou num item primordial para a sobrevivência de empresas e produtores num mercado extremamente competitivo.

Esta vitalidade demonstrada ao completar 25 anos se relaciona ao fato de sua história estar intimamente ligada à da atividade. As páginas de Suinocultura Industrial estamparam neste período as crises e sucessos pelo qual passou o setor e se constituiu num verdadeiro acervo, sem o qual hoje ficaria mais difícil contar a trajetória da suinocultura brasileira.

Bem antes da suinocultura industrial…
O gosto do brasileiro era outro. No início do século passado a criação de porcos era feita ao ar livre e os preferidos eram os animais gordos, com grande produção de banha. As criações se davam em sítios e eram mais direcionadas para o consumo de subsistência. Mesmo assim, em 1915 era calculado no Brasil um rebanho de 18 milhões de animais.

O grande produto realmente era a banha, que substituía os atuais óleos de soja e de outros derivados vegetais na preparação dos alimentos. O direcionamento para a produção de carnes teria início na década de 50, mas ainda em pequeníssima escala. Não havia tantos frigoríficos instalados e as raças criadas ainda eram direcionadas para a produção da banha.

Somente na década seguinte as coisas começariam a mudar, com iniciativas de melhoramento genético e de controle na alimentação e sanidade. Mesmo assim eram ações isoladas.

Os atuais mitos em torno da carne e do comportamento do animal, e que perseguem o suíno até hoje, foram sendo construídos durante todo este período até o final da década de 70, quando a Peste Suína Africana (PSA) chegou ao Brasil. Ali, medidas emergenciais tiveram que ser tomadas, o que acelerou a modernização da suinocultura brasileira e começou a se construir uma nova imagem para o suíno.

Da antiga criação de porcos até a suinocultura industrial de hoje, o tema sempre esteve presente nas páginas da revista Chacaras e Quintais desde sua criação em 1909. A antecessora da Avicultura Industrial também é responsável pelo surgimento da Suinocultura Industrial. As suas edições traziam informações sobre as raças, manejos corretos, causas de enfermidades e as principais tendências no mundo. Coisas de quem tem mais de 90 anos de história.