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Biocombustível

Aporte privado nas pesquisas de algas para biocombustível

Algae Biotecnologia deve investir R$ 5 milhões para investir em microalgas para produção de biocombustível.

Cinco milhões de reais na mão e uma ideia inédita na cabeça. Assim a Algae Biotecnologia , mais nova empresa do Grupo Ecogeo, pretende investir em pesquisas com microalgas para produção de biocombustíveis no país.

Formalizada no início do ano, a empresa sediada em São Paulo é a primeira do setor privado brasileiro a investir na produção de um combustível limpo a partir desses organismos – apenas a Petrobras e cientistas ligados a universidades fazem isso hoje. A diferença, neste caso, está no modo de produção.

Embora não revele detalhes até a aprovação da patente, prevista para os próximos meses, a Algae Biotecnologia está em conversação com duas usinas paulistas para desenvolver um projeto-piloto no qual os subprodutos do setor sucroalcooleiro são incorporados na produção do combustível. A ideia é aproveitar o que hoje é ainda largamente desconsiderado – águas residuais, vinhaça, palha, bagaço e o dióxido de carbono (CO2) emitidos na fermentação – e integrá-los no processo, resolvendo dois problemas de uma vez: o passivo ambiental da usina e um meio de cultivo economicamente viável.

“Estudei muito o que estava sendo pesquisado com microalgas nos EUA e vi que não dava para brigar com gigantes. Tínhamos que nos aproximar da nossa realidade, da vocação do Brasil”, explica Sergio Goldemberg, gerente técnico da Algae, referindo-se à expertise do país na área de cana-de-açúcar.

Engenheiro agrônomo, Goldemberg trabalhou nos últimos cinco anos com sistemas de distribuição de vinhaça no campo, o que lhe deu o estalo para o negócio. “Foi uma sacada. A disposição da vinhaça no campo é ainda um problema que se empurra para debaixo do tapete”, diz o executivo, citando uma questão há muito conhecido por seu pai, o físico José Goldemberg, professor da Universidade de São Paulo e ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo. “Também nos chamou a atenção o consumo de diesel nas usinas”.

Uma outra novidade é a utilização de um fotobiorreator – uma espécie de tubo transparente – para o cultivo das microalgas. Por ser um sistema fechado, ele aumenta a produtividade das algas já que diminui a taxa de contaminação. “Ele custa de duas a três vezes mais caro que sistemas abertos”, como lagoas e tanques, diz Goldemberg, “mas é mais controlado”.

Para levar adiante a pesquisa, a Algae Biotecnologia investirá R$ 5 milhões, sendo quase R$ 3 milhões advindos do Fundo Tecnológico (Funtec) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um apoio não reembolsável, e o restante da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de caixa próprio da empresa.

Segundo Goldemberg, uma das condicionantes do BNDES é a parceria com uma universidade brasileira. Por isso, a Algae associou-se ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos (UFSC), localizado em Araras, no interior de São Paulo. Os cientistas deste centro, com forte tradição nas pesquisas com cana-de-açúcar, já identificaram três de uma pré-seleção de 15 microalgas.

Hoje os trabalhos estão em fase laboritorial. Se tudo ocorrer como previsto, a Algae Biotecnologia terá uma planta-piloto operando, a partir do no ano que vem. A expectativa é de, em dois anos, fechar parceria com uma usina paulista.