Durante o período de janeiro a julho de 2023, foram exportadas um total notável de 620,46 mil toneladas de carne suína in natura, marcando um aumento de 13,72% em relação ao volume total e de 15,5% no volume enviado para a China comparado ao mesmo intervalo do ano anterior. Esses números indicam que 2023 está caminhando para estabelecer um novo recorde de exportação, possivelmente superando em mais de 7% o resultado de 2021 ao final do ano.Volumes exportados totais e para a China de carne suína brasileira in natura de janeiro a julho de 2021, 2022 e 2023 (em toneladas) e comparativo percentual de 2023 com o mesmo período do ano passado. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
Ao cruzar as informações de produção divulgadas pelo IBGE com os volumes exportados no primeiro semestre de 2023, constata-se uma diminuição insubstancial na disponibilidade interna de carne suína, com uma redução de apenas -1,74% (-36,74 mil toneladas) comparado ao mesmo período do ano anterior.
No que diz respeito à segunda metade de 2022, a disponibilidade interna na primeira metade de 2023 permaneceu praticamente inalterada, divergindo apenas em um aumento de 13,9 mil toneladas (+0,67%) a favor deste ano. Apesar da manutenção da oferta de carne suína no mercado doméstico, os valores pagos aos produtores e as cotações das carcaças têm flutuado abaixo dos patamares alcançados desde o final de 2022 até março de 2023.
Gráfico 1. Preço da carcaça suína especial em São Paulo (SP), nos últimos 12 meses. Média de agosto/23 até dia 21/08.
Fonte CEPEA
Em contraste, o preço da carcaça bovina tem experimentado um notável “derretimento” desde maio de 2023 , resultado de um considerável aumento da oferta no mercado interno. Essa tendência ocorre mesmo durante o período de entressafra do boi de pasto, uma vez que o abate deste ano está previsto para exceder significativamente o do ano passado, sem que haja um aumento proporcional nas exportações.
Gráfico 2. Preço do boi gordo (R$/@), nos últimos 12 meses em São Paulo. Média de agosto/23 até dia 21/08.
O frango também teve aumento de oferta no primeiro semestre, o que determinou cotações muito abaixo do ano passado (gráfico 3).
Gráfico 3. Preço da carcaça resfriada de frango em São Paulo (SP), nos últimos 12 meses. Média de agosto/23 até dia 21/08.
Fonte CEPEA
Na tabela abaixo é feito um comparativo entre o balanço das carnes bovina, de frango e suína no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto nestes primeiros seis meses a carne suína reduziu a disponibilidade interna em quase 37 mil toneladas, a carne bovina aumentou em 278 mil toneladas e a de frango em 206 mil toneladas, totalizando um aumento de oferta de 447 mil toneladas de todas as carnes somadas (+4,89%); o equivalente a um aumento projetado do consumo per capita ano de proteína animal da ordem de 4,4 kg por habitante a mais que em 2022.
Produção, exportação e disponibilidade interna de carne de frango, bovina e suína no primeiro semestre de 2022 e 2023 e a diferença em toneladas e percentual de um ano para o outro, com o equivalente em consumo per capita ano adicionado/reduzido em 2023.
* considerada população de 203.062.512 de habitantes (dados do último censo do IBGE); dados de produção (abate) do segundo trimestre de 2023 preliminares. Volumes exportados com desconto das importações de carne in natura.
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE e Secex.
Sem dúvida, um dos fatores que impede maiores altas na cotação da carcaça suína é a correlação de preços com as demais carnes. Cabe lembrar que quanto mais alta a relação percentual boi-suíno e quanto mais baixa a relação suíno-frango, mais competitiva é a carne suína em relação as outras. O spread entre a carcaça bovina e suína que, no passado chegou a ultrapassar a marca de 150%, em de julho/23 atingiu o menor percentual do ano (70,6%), até então, conforme demonstra a tabela 7.
Com relação ao frango, o mês de julho/23 também foi marcado pela menor competitividade da carne suína, com a maior diferença percentual de preço da carcaça suína em relação a carcaça resfriada de frango (68,4%) no ano. Ou seja, em julho de 2023 a carcaça suína não esteve tão mais barata em relação a carcaça bovina e esteve ainda mais cara em relação à carcaça de frango em comparação com os meses anteriores de 2023, e em relação à média de 2022. O mês de agosto, até o dia 21, apresentava uma redução ainda maior do spread da carne bovina, mas uma recuperação significativa da diferença em relação a carcaça de frango.