O ano de 2009 começou em outubro de 2008, mês em que explodiu a crise financeira internacional. Até aquele momento, os principais mercados mundiais demandavam por maiores volumes de produtos, inclusive carnes, cujos preços por tonelada estavam 30% maiores, na média, em relação aos dez primeiros meses deste ano. No mercado interno, o suinocultor vinha registrando uma rentabilidade que há tempos ele não via em seu negócio. Ele estava ganhando dinheiro. Só que o ocorrido naquele mês modificou completamente o cenário de até então; e seguiu refletindo ao longo de todo este 2009. A crise fez secar os créditos para exportação mantidos pelas tradings, principalmente. O comércio internacional recuou e uma das maiores empresas agroindustriais do País, a Sadia, praticamente quebrou, resultando no anúncio de sua fusão com a Perdigão alguns meses depois. De uma hora para outra, o produtor viu depreciar em mais de 40% o valor que vinha recebendo pelo suíno. Preço que só começaria sua recuperação em julho deste ano, ainda assim, distante do patamar em que estava naquele outubro passado.
A indústria também viu sua rentabilidade cair ao longo do ano, não só pela retração dos preços internacionais, mas também pela valorização do real frente ao dólar, o que reduziu a competitividade do setor no comércio exterior. Estudo divulgado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) apontou uma desvalorização de 32% do real frente à moeda americana no período de dezembro/08 a setembro/09. Os setores de carne bovina e de frango também sofreram os impactos da crise. Isto fez com que o preço relativo entre as três carnes ficasse mais equânime, pois houve excesso de oferta no mercado interno. No caso da carne suína, o produto não chegou a sobrar nas gôndolas porque o brasileiro o consumiu mais em 2009. O consumo por habitante/ano deve fechar entre 13,6 a 13,9 quilos, ante os 13,2 de 2008, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Suína (Abipecs). Os embarques internacionais também cresceram quase 9% de janeiro a outubro em relação aos mesmos meses no ano passado, ainda que a preços reduzidos.
Na produção, 2009 deve terminar com um crescimento de 7%, totalizando um montante aproximado de 3,2 milhões de toneladas de carne suína, conforme dados do Levantamento Sistemático da Produção e Abate de Suínos (LSPS), coordenado pela Abipecs e Embrapa Suínos e Aves. Dois fatores ajudam a compreender o crescimento da produção em ano de crise. Um é o aumento da produtividade dos plantéis suinícolas brasileiros ocasionado pelo controle da circovirose via vacinação. A enfermidade foi responsável nos últimos anos por expressivas taxas de mortalidade e refugagem nas granjas de todo o País. O outro é que o bom momento que o setor vivia em 2008 fez crescer em 3,4% o alojamento de matrizes, refletindo no total de animais terminados neste ano. O mesmo deve ocorrer em 2010. Para o diretor de Mercado Interno da Abipecs, Jurandi Soares Machado, a recuperação iniciada no segundo semestre fará com que os alojamentos neste ano mantenham o mesmo percentual de 2008. “Com isto a produção deve ficar estável ou registrar leve crescimento no ano que vem”, aponta. Segundo estimativas da indústria, em 2010 o Brasil vai produzir perto de 3% a mais de carne suína em relação ao total de 2009.
Leia mais sobre o desempenho da suinocultura brasileira em 2009 e as projeções para o setor no próximo ano no Anuário 2010 da Suinocultura Industrial – Edição 228.