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Economia

A América, terra da oportunidade, agora é aqui

O copo meio vazio não é novidade. A novidade é o copo meio cheio. O Brasil mudou, para bem melhor. Esta deve ser nossa maior fonte de motivação. Leia artigo de Ricardo Amorim.

Uma equipe mais motivada alcança melhores resultados. As empresas brasileiras investem milhões em eventos com grandes campeões e pessoas com histórias de superação para motivar seus funcionários. Funciona. Certamente muitos vendedores de automóveis, por exemplo, sentem-se confiantes em alcançar suas metas depois de ouvi-los.

Entretanto, eu ficaria ainda mais seguro e motivado sabendo que, na última década, a venda de automóveis no Brasil triplicou, e que com a expansão sustentada de crédito, renda e emprego ela continuará a crescer de forma pujante. É mais fácil acreditar que posso cumprir minha meta, sem precisar ter a garra do Cesar Cielo, simplesmente porque vou nadar a favor da correnteza econômica.

Se tiver de percorrer 100 quilômetros de bicicleta, prefiro saber que será na descida do que conhecer a superação do Lance Armstrong, que foi capaz de ganhar o Tour de France sete vezes, após ter tido câncer.

No Brasil, normalmente, não associamos economia com motivação devido ao péssimo desempenho econômico brasileiro entre 1981 e 2003, com média de crescimento de 2% ao ano. Nesse período, falar de economia significava deixar claro que os 100 quilômetros de bicicleta seriam ladeira acima. Era melhor contar a história do Lance Armstrong.

Estes 23 anos tornaram descrente toda uma geração, que não acredita que o Brasil possa dar certo. Toda vez que a situação melhora, tal geração está convicta de que o colapso é iminente. Afinal, foi o que aconteceu ao longo de mais de duas décadas – período que apagou da memória coletiva que, antes, o Brasil crescera a um ritmo de 7% ao ano durante oito décadas. Tivéssemos sustentado o mesmo crescimento e, hoje, o brasileiro seria mais rico do que o alemão.

Some-se a isso o dever de ofício dos economistas – classe de que me orgulho de fazer parte – em apontar o que está errado, exatamente para que possa ser corrigido, e o caldo para o pessimismo econômico brasileiro está pronto.

O Brasil tem problemas econômicos sérios – como gastos públicos absurdamente elevados – que devem ser duramente criticados. Além disso, seremos afetados quando houver turbulências profundas na economia mundial. Por isso, venho alertando, há mais de ano, sobre as fragilidades da economia europeia.

O copo meio vazio não é novidade. A novidade é o copo meio cheio. Mudanças estruturais da economia mundial e reformas econômicas implementadas no Brasil a partir da metade da década de 90 permitiram que nosso crescimento mais do que dobrasse desde 2004 e, em 2010, fosse o maior em 25 anos. O Brasil mudou, para bem melhor.

Se o visto de trabalho nos EUA fosse liberado, desconfio que 9 entre 10 brazucas gostariam de tentar a sorte na terra do Tio Sam. O que eles não sabem é que, na última década, foram criados mais de 16 milhões de novos empregos no Brasil, enquanto nos EUA um milhão de empregos evaporaram. Nada indica que, nesta década, a tendência vá se reverter. Por isso, não param de chegar estrangeiros vindo trabalhar no Brasil.

Está na hora de os brasileiros acreditarem no que os gringos já perceberam. A América, terra da oportunidade, agora é aqui. Esta deve ser nossa maior fonte de motivação.