Os principais fundamentos da cadeia suína brasileira foram o aumento robusto da produção, a maior oferta das carnes concorrentes a preços competitivos, a comercialização prejudicada pela crise econômico-financeira, a acentuada queda nos preços, a valorização do Real e a forte pressão sobre os custos no primeiro semestre.
Produção – Ainda sob a influência dos acontecimentos de 2008 (estabilização dos alojamentos de matrizes e da produção no mercado spot), a produção de 2009 teve um desempenho robusto, atingindo 3,19 milhões de t, devido principalmente a ganhos da produtividade nas integrações e, de modo geral, no peso médio de abate.
A suinocultura industrial foi a que mais cresceu (7%); a oferta deste segmento atingiu 2,87 milhões de t, 187 mil t a mais.
Mercado Interno – A oferta de suínos para abate, em 2009, aumentou 6%, passando de 31,9 milhões de cabeças, em 2008, para 33,8 milhões de cabeças. No período, os abates sob Inspeção Federal – SIF, ao atingirem 28,1 milhões de cabeças, cresceram 7,7 % em relação ao ano anterior e os abates sob outras certificações mantiveram a tendência de decréscimo.
A disponibilidade interna cresceu perto de 3,8%, mantendo-se próxima ao consumo (13,8 kg por habitante ano). Iniciamos o ano com grandes volumes estocados em virtude da queda abrupta das exportações no fim de 2008 que somados à oferta de carnes, em geral, comprometeram os resultados dos produtores e das indústrias.
As vendas no mercado interno foram mais afetadas pela crise econômica do que pela gripe A (H1N1). A concorrência com as demais carnes afetou o comércio de carne suína “in natura”.
O primeiro semestre se caracterizou pelos altos estoques e crescente aumento da oferta interna, custos altos e preços em baixa. Com a gradativa recuperação dos volumes exportados e das vendas no mercado interno, os preços apresentaram uma modesta recuperação no segundo semestre.
O mercado interno, que absorve 80% da produção, tende a ser fortemente influenciado pelo crescimento econômico do País, pela estabilidade na oferta e pelo consumo que deve permanecer firme ao redor dos 14 kg per capita.
Mercado Externo – O engessamento do mercado mundial devido à crise financeira, a queda dos preços internacionais, a desvalorização do dólar e o aumento da concorrência desestimularam as exportações. Diante dessa situação, estima-se que em 2009 o volume exportado se aproxime das 600 mil toneladas. De janeiro a outubro, as exportações atingiram 511,76 mil toneladas, aumento de 8,68% em relação ao mesmo período de 2008. A receita de US$1,02 bilhão foi 23,20% menor, configurando uma perda cambial superior a US$ 300 milhões.
Perspectivas para 2010 – A superação da crise financeira mundial, a retomada mais firme da demanda nos países emergentes e os excedentes exportáveis menores nos concorrentes Canadá e União Européia são os principais fatores que devem influir na elevação dos volumes e dos preços internacionais. Além disso, a abertura dos mercados das Filipinas e do Vietnã e a pequena melhoria das cotas de exportação para a Rússia devem contribuir para que as exportações de 2010 superem a marca das 600 mil toneladas, a preços próximos aos praticados em 2008.
Permanece a grande preocupação com a questão cambial. O impacto dos fluxos financeiros não foi ainda equacionado pelo governo federal e representa certamente grande desafio macroeconômico de 2010.
As recentes missões veterinárias da União Européia e da Coreia do Sul, que visitaram Santa Catarina nos últimos meses, com aparente sucesso, representam um alento ao difícil processo de abertura de mercados. A tramitação do processo de abertura do mercado do Japão encontra-se paralisada pela burocracia veterinária daquele país. Infelizmente, a perspectiva de avanço na China e nos Estados Unidos, existente no início de 2009, não se concretizou.