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A deflação do agronegócio

<p>A contribuição mais expressiva para esse tremendo recuo de preços no campo é uma deflação da ordem de 18% no segmento "grãos e cereais".</p>

Redação (10/05/06)- O índice de preços por atacado do agronegócio acusa uma variação nos últimos 12 meses acumulada em 13% negativos. A contribuição mais expressiva para esse tremendo recuo de preços no campo é uma deflação da ordem de 18% no segmento “grãos e cereais”. Mas não houve recuo expressivo do preço em dólares dessas commodities. Portanto é predominantemente ao câmbio que se deve atribuir a variação negativa na remuneração desse importante ramo produtivo. O brasileiro planta para comer e para exportar, gerando as divisas com que importa na mão inversa do comércio internacional.

O governo Lula, nas propagandas oficiais que faz de sua administração, canta duas proezas: haver estabilizado o custo da cesta básica e ter batido recordes de exportação. É tudo verdade. Só que o nome do santo não é governo, e sim produtor rural. O governo Lula, com toda razão, acha que a população que come barato e não vê pressão inflacionária nos supermercados mereceria reeleger o presidente.

O milagre da reeleição depende, por assim dizer, do preço do frango, um grande eleitor nacional. Não será difícil chegar a outubro próximo sob o efeito anestesiante da deflação do agronegócio. Nem é difícil prever que o risco Brasil permanecerá bem-comportado, facilitando a queda dos juros. Lá na frente, porém, uma grande onda se formará com o mesmo ímpeto da deflação de hoje. E o governo, se reeleito, enfrentará o “contas a pagar” do milagre da cesta básica estabilizada a golpes de câmbio de moeda forte.