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A Europa como meta

Para que o Brasil possa retomar as vendas suinícolas à União Européia, exportador de suíno busca apoio de presidente da OIE.

Redação SI 13/12/2004 – O presidente de honra da Organização Internacional de Epizootias (OIE), Romano Marabelli, iniciou na última semana visita ao Brasil. Não por acaso, a viagem começou por Santa Catarina, Estado onde estão os principais frigoríficos exportadores de carne suína do país e que querem o apoio de Marabelli para que o Brasil possa retomar as vendas de carne suína à União Européia, suspensas desde os anos 80 por questões sanitárias.

Convidado pelo governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, Marabelli fez uma visita cordial, mostrando sua disposição em ajudar agroindústrias no projeto de retomada das exportações. No fim de semana, estaria em Brasília, em um café da manhã com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

Marabelli, também diretor-geral de saúde veterinária da Itália, não veio em visita oficial e nem trouxe propostas da União Européia para importação de suínos.

Mas fez questão de destacar que estava representando uma posição amigável da Itália em relação ao Brasil. “Achamos que se o Brasil conseguir exportar carne suína para a UE será bom para este mercado porque vai aumentar a concorrência, mas para isso acontecer depende mais do país do que de qualquer outro fator”, frisou.

Em 2002, uma missão da União Européia esteve no Brasil verificando as condições de sanidade das áreas produtoras de suínos. Embora as regiões exportadoras estejam livres de doenças como febre aftosa desde 2001, Marabelli disse que o relatório dessa missão apontou que o país não estava com condições adequadas. “Neste momento, eu não sei se o país melhorou ou não. Fui convidado para estar aqui. A Itália está disposta a ajudar o país, caso seja feita a opção por melhorias pelo governo federal. Mas essa opção tem que ser feita pelo governo brasileiro e não pela União Européia”, afirmou.

Empresários dos frigoríficos de Santa Catarina, principal área de produção e exportação de suínos do país, começaram neste ano a articulação para que possam voltar a exportar para a União Européia.

Além do potencial de mercado da própria UE, a reabertura interessa porque poderia facilitar também a conquista do mercado do Japão, que geralmente faz exigências quanto à sanidade semelhantes às da UE. “Queremos a certificação [da OIE]. Sabemos que ao entrar na União Européia, entramos em outros mercados. O Japão movimenta US$ 4 bilhões neste segmento por ano”, comenta o diretor institucional da Sadia, Felipe Luz.

Luz esteve na quinta-feira à noite, juntamente com representantes de outras indústrias e de suinocultores, e com o governador catarinense, em Florianópolis, para um jantar com Marabelli.

Países como a Itália estão entre os principais importadores de carne suína do mundo, principalmente para fabricação de embutidos como o presunto parma.

Segundo Luz, a compra de carne suína brasileira pela Itália reduziria os custos de importação do país. Ele afirmou que a Itália paga hoje US$ 1,7 mil por tonelada de carne suína e poderia comprar do Brasil por cerca de US$ 1,2 mil. O país importa cerca de 700 mil toneladas ao ano, principalmente da Alemanha, Dinamarca e Bélgica.

Marabelli acredita que não haveria problemas comerciais se o Brasil entrasse também neste mercado. “A Itália já compra carne bovina brasileira, com boa qualidade e bom preço. Se os suínos forem certificados, poderemos vir a comprar do Brasil também”, disse.

A receita de Marabelli para que o Brasil obtenha certificação para exportar carne suína à UE é se organizar com um bom sistema de controle veterinário. Ele sugere ainda exportações de forma regionalizada. “Mas o controle do acesso a essa área exportadora (pode ser área de um estado ou de vários estados) deve ser rigoroso. A área de exportação não pode ser uma área de importação”, diz. O país precisa ainda provar que os animais dessa área estão saudáveis. “Não basta não ter mais as doenças, nem apenas declarações gerais. É preciso ter essa situação controlada por um laboratório oficial e ter essa situação mostrada para a União Européia. O Brasil precisa provar que está em uma situação diferente da verificada anos atrás”.

O governo de Santa Catarina enviou proposta ao Ministério da Agricultura para que seja desvinculado do Circuito Pecuário Sul, de forma a agilizar o processo de exportação para a UE. No circuito, Santa Catarina é o único estado reconhecido como livre de aftosa sem vacinação pelo Ministério. Paraná e Rio Grande do Sul são livres, mas com vacinação. A “separação” precisa, no entanto, ser aprovada pelo governo federal, que ainda deve se reunir com representantes dos três Estados do Sul no ano que vem para discutir o assunto.