A carne de porco tem conquistado cada vez mais espaço na mesa dos argentinos, posicionando-se como um alimento preferido quase ao mesmo nível do frango. No entanto, os pequenos produtores enfrentam dificuldades devido ao aumento dos custos de milho e soja, o que força muitos a abandonar a atividade. Enquanto isso, os grandes produtores vislumbram oportunidades no mercado internacional.
O mercado global está impulsionando a exportação de carne suína, com a Argentina se destacando no fornecimento de farinha de soja para a União Europeia e China. A demanda crescente por carne de porco na China, exacerbada pela Peste Suína Africana, leva à reflexão sobre se a Argentina poderia se beneficiar mais ao exportar carne ao invés de grãos. Jorge Brunori, veterinário e consultor em Córdoba, destaca que, com a quantidade de grãos produzidos, é inconcebível que a Argentina ainda não tenha consolidado um mercado de exportação robusto para carne suína.
Os altos preços de produção e a desvalorização monetária têm pressionado os pequenos e médios produtores, que veem seus custos superarem os preços de venda. Ismael Dolso, consultor e veterinário, observa que muitos desses produtores, especialmente os que investiram em sistemas eficientes, estão sendo forçados a sair do mercado. A produção de carne suína na Argentina exige grandes investimentos e uma escala maior para ser viável economicamente, o que está fazendo com que os pequenos produtores desapareçam em prol de operações de maior escala.
A estrutura da produção suína na Argentina é altamente organizada, com cada fase do processo – desde a escolha genética dos animais até o abate – sendo meticulosamente controlada. O confinamento intensivo e a maximização do espaço são práticas comuns, mas também geram desafios ambientais e custos adicionais. O processo de transformação dos grãos em carne é complexo e dispendioso, exigindo investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia para garantir a qualidade e eficiência.
Historicamente, a produção suína na Argentina foi dominada por pequenos produtores, mas a mudança para sistemas intensivos e a concentração de grandes operações tem redefinido o setor. As maiores empresas, como Isowean e Paladini, possuem milhares de mães e dominam a produção e comercialização. A concentração de mercado está crescendo, com as cinco maiores empresas representando uma parcela significativa da oferta de carne suína.
O futuro da carne suína na Argentina parece estar direcionado para uma maior concentração e especialização. A exportação pode se tornar um pilar crucial para o setor, especialmente se a Argentina conseguir abrir novos mercados e enfrentar os desafios da infraestrutura e regulamentação. A aposta em mercados internacionais, somada a uma adaptação às demandas globais, pode ajudar a Argentina a se posicionar como um dos maiores produtores de carne suína do mundo.
No entanto, o setor ainda enfrenta desafios significativos, como a necessidade de modernização e a adaptação às exigências ambientais e de bem-estar animal. A transformação do mercado suinícola argentino dependerá da capacidade de equilibrar produção eficiente com práticas sustentáveis e da abertura de novos mercados para manter a competitividade global.
Fonte: Opera Mundi